“Este não é um plano de um partido, é um plano de nação, para as pessoas que não aguentam mais viver do jeito que estão vivendo”, afirmou o ex-presidente Lula ao encerrar o encontro de lançamento do Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil.

O PT e a Fundação Perseu Abramo apresentaram as propostas nesta segunda-feira, 21 de setembro. O plano, em sua íntegra, pode ser acessado aqui.

“O que falta de se agravar neste país pra gente retomar a nossa capacidade de luta?”, questionou Lula, durante sua fala. “Temos de provocar os trabalhadores para pensar todos os dias: como vamos fazer? Este Plano é uma provocação para você participar: qual é o Brasil que você quer? Se a gente deixar na mão do Bolsonaro e Guedes não vai ter mais Brasil. Portanto, envie sua sugestão para o PT, para a Fundação Perdeu Abramo, para os sindicatos, para os parlamentares”, sugeriu.

Créditos: Ricardo Stuckert

Lula, Gleisi e Mercadante

 

“Vamos trabalhar porque agora com o programa temos muito mais a fazer”, encerrou o ex-presidente. Para a ex-presidenta Dilma Rousseff, que antecedera Lula, o Plano apresentado hoje “abre um processo de unidade qualificada” no enfrentamento à crise.

O evento contou com a participação de lideranças nacionais do PT e da Fundação e de entidades dos movimentos sociais – como CUT, MST, UGT, Força Sindical – e de representantes de partidos como Psol, PDT, PSB e PCdoB.

Na abertura, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, destacou o simbolismo do local, onde raízes do PT se firmaram a partir das mobilizações do final da década de 1970 e início dos anos 80. E apontou para o futuro: “Nós temos de esperançar. E esperançar é construir um Brasil diferente. Sem nos esquecermos dos companheiros e companheiras que antes da fundação do PT e da CUT já lutavam por um Brasil melhor e que abriram caminho. Existe uma esperança, existe um outro Brasil diferente deste, e que não é o Brasil que os trabalhadores querem e precisam”.

A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, usou palavras do Papa Francisco para ilustrar as motivações do Plano apresentado. “Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza nem justiça na desigualdade”. E lamentou o quadro institucional e social em que se encontra o Brasil. “Há poucos anos, uma nova escola era aberta, um novo emprego era criado, alguém do povo realizava ou podia idealizar um sonho. Hoje, ao invés de celebrar a vida, contamos os mortos. A admiração do mundo pelo Brasil deu lugar à repulsa e ao horror”.

Créditos: Ricardo Stuckert

Gleisi, presidenta do PT

 

Porém, lembrou Gleisi: “A história de um país não se interrompe, o povo brasileiro continua sonhando com uma vida melhor e um país mais justo. Se tivermos clareza de onde queremos chegar, conseguiremos construir um novo caminho”, disse, apontando o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil como instrumento dessa nova trajetória. A presidenta do PT destacou a presença de lideranças de entidades dos movimentos sociais e de partidos de oposição no lançamento da plataforma.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, ressaltou o trabalho coletivo na elaboração do Plano, que teve a contribuição de aproximadamente 600 pessoas – acadêmicos, militantes, representantes de movimentos sociais, ex e atuais gestores públicos, entre outros – reunidos nos NAPP’s (Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas), organizados pela Fundação (conheça a composição dos NAPP’s aqui).

“Para nós esse processo de elaboração é tão importante quanto o produto”, afirmou Mercadante. “Não é um projeto pronto, estamos abertos a críticas e a propostas”, completou, referindo-se ao documento de mais de 200 páginas que tratam de diversos temas.

Mercadante apresenta linhas gerais do Plano

Créditos: Sérgio Silva

 

Mercadante apontou que o Plano consiste em propostas emergenciais, para superar os desafios de curto prazo, e de futuro, para recolocar o país em novo patamar, condizente com os temas atuais. “O negacionismo deste governo foi incapaz de enfrentar a crise e nos colocou nesta tragédia histórica”.

Para Mercadante, o PT “não é um condomínio de parlamentares, tem vida militante, tem ideias, tem proposta. Não falamos do passado, só de futuro. O nosso legado, neste Plano, deixamos em anexo, como algo importante, mas colocamos em primeiro plano o futuro”, concluiu.

Fernando Haddad, presidente do Conselho Gestor da Fundação Perseu Abramo e candidato a presidente em 2018, destacou que a elaboração do Plano e a possibilidade de outras forças políticas participarem de seu aperfeiçoamento ocupa um espaço que o atual governo deixa vago. “Este não é um plano de governo. Mas o PT, como partido de oposição, poderia ficar apenas criticando. Mas apresentamos essas propostas para a superação da crise porque nos importamos com o sofrimento da população”.

Créditos: Sérgio Silva

Fernando Haddad

 

Diversas lideranças participaram do encontro de lançamento das propostas. Os governadores Flávio Dino (PCdoB-MA) e Wellington Dias (PT-PI), o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), os ex-governadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Roberto (PSB-PB), parlamentares do PT, os sindicalistas Sérgio Nobre (CUT), Ricardo Patah (UGT) e Miguel Torres (Força Sindical), da professora Jaqueline Muniz, da youtuber Laura Sabino, da pedagoga Nilma Lino Gomes e dos ex-ministros Arthur Chioro e Matilde Ribeiro, entre outros.

A gravação do encontro pode ser assistida aqui.

 

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