Duas décadas de mobilização das mulheres do campo e da floresta
Há exatos 20 anos, milhares de mulheres trabalhadoras rurais vindas de todos os pontos do país chegavam a Brasília, no dia 12 de agosto de 2000, para realizar primeira Marcha das Margaridas, um dos movimentos populares mais importantes e abrangentes do Brasil.
O aniversário de 20 anos da Marcha das Margaridas será o tema da edição das 11 horas da tvPT nesta quarta, dia 12. Para contar o nascimento e a organização das primeiras Marchas e como está a mobilização atualmente, o programa recebe três convidadas:
– Adriana do Nascimento Silva, integrante da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), instância que tem organizado a Marcha das Margaridas ao longo do tempo. Adriana é agricultora familiar da zona rural de Afogados da Ingazeira (PE), técnica em Agroecologia e pós-graduada em Língua, Linguística e Literatura;
Didice Godinho Delgado, dirigente do Fórum da América Latina de Berlim e ex-coordenadora da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT, entre 1987 e 1993;
Raimunda Mascena, a Raimundinha, coordenadora da primeira edição da Marcha, quando ocupava a Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag. Raimundinha, hoje assessora da CUT, foi também assessora especial para as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas, da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, no governo Dilma.
A Marcha das Margaridas vai muito além de uma manifestação a céu aberto. Apesar de sempre numerosa e impactante, a Marcha que ocorre na capital do Brasil de quatro em quatro anos é apenas a faceta pública mais visível do movimento.
O que confere toda sua potência é o trabalho permanente de discussão política, ação social e de geração de trabalho e renda, convívio, solidariedade, estudo e aperfeiçoamento coletivo que acontece desde as pequenas cidades, desde os pequenos sindicatos e associações, nos territórios rurais e de florestas, com protagonismo de centenas de milhares de mulheres e homens anônimos em permanente contato na reflexão sobre os rumos das comunidades e do país.
O dia 12 de Agosto foi o escolhido pela Marcha das Margaridas para prestar homenagem a Margarida Alves, liderança sindical, ativista dos direitos humanos e lutadora feminista que foi assassinada neste dia, no ano de 1983, por pistoleiro a soldo do latifúndio. Sobre a porta da casa em morava e diante da qual foi assassinada com um tiro no rosto, hoje um museu municipal de Alagoa Grande (PB), sua cidade natal, está inscrita uma frase bastante conhecida de Margarida, síntese de sua vida: “Da luta não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome.”
Com o tema “20 anos da Marcha das Margaridas”, a tvPT começa às 11 horas desta quarta-feira, dia 12 de agosto. O programa pode ser assistido ao vivo pelo canal do PT no youtube ou pelo perfil do partido no facebook. Os programas permanecem gravados no youtube e podem ser consultados depois da exibição.