Neste ano de 2020 Eder Sader completaria 79 anos de idade, não fosse ter sido vítima da “irresponsabilidade criminosa das autoridades sanitárias do país” que, nos anos 1980, estavam paralisadas diante de uma epidemia. Quem nos conta esta história é Marco Aurélio Garcia, que a escreveu poucos meses após a morte do amigo e companheiro de luta, para a edição 04 da revista Teoria e Debate, de setembro de 1988.

Em primeiro lugar, Marco Aurélio defende a nossa qualidade de não se conformar com a perda de companheiros e amigos. Assolados que estamos, em 2020, por uma pandemia que já levou ao falecimento de mais de cem mil brasileiros nos últimos quatro meses, esta qualidade é uma posição política contra a indiferença manifestada pelo atual presidente da República e seu grupo político no poder.

A homenagem é permeada por uma série de referências aos estudos de Eder, bem como ao itinerário de reflexão política do intelectual e militante. Iniciando por sua participação na Polop nos anos 1960, até sua atuação na construção do Partido dos Trabalhadores, nos anos 1980, após duas décadas de repressão, durante as quais continuou lutando dentro e fora do país. Os debates sobre alianças, democracia e socialismo seguem ainda atuais e desafiadores para o PT e a esquerda como um todo, bem como o posicionamento dos intelectuais e lideranças em relação à classe trabalhadora.

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