No próximo dia 26 de julho, o professor Celso Furtado faria 100 anos. Reconhecido como um dos mais importantes economistas do Brasil, sempre aliou uma análise criteriosa das condições e da dinâmica do subdesenvolvimento do Brasil, com a prática política e a gestão de instituições públicas, a exemplo da CEPAL, BNDES, Sudene e dos Ministérios do Planejamento e da Cultura.

As obras de Furtado percorrem, em momentos oportunos, temas de extrema relevância sobre a ordem econômica e a trajetória da economia e da sociedade brasileiras. Suas análises e estudos transcendem seu tempo, como podemos verificar em obras clássicas, como Formação econômica do Brasil (1959); Desenvolvimento e subdesenvolvimento (1961); Dialética do desenvolvimento (1964); Um projeto para o Brasil (1968); Análise do “modelo” brasileiro (1972); A hegemonia dos Estados Unidos e o subdesenvolvimento da América Latina (1973); O mito do desenvolvimento econômico (1974); Criatividade e dependência na civilização industrial (1978); O Brasil pós-“milagre” (1981); Brasil, a construção interrompida (1992); O capitalismo global (1998); e Raízes do subdesenvolvimento (2003). Referências da trajetória do economista são também encontradas nos livros autobiográficos: A fantasia organizada (1985) e A fantasia desfeita (1989).

Nesse contexto, a Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) resolveu organizar um livro comemorativo dos 100 anos do professor, intitulado “Celso Furtado – Os combates de um economista”, acompanhando o título do artigo de sua companheira, Rosa Freire. O livro será publicado pela Fundação Perseu Abramo e Editora Expressão Popular, lançado em evento virtual no dia do centenário.

O livro reúne a colaboração de intelectuais de gerações diferentes, autores e autoras de diversas Unidades da Federação brasileira. A obra conta, ainda, com o apoio do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (CICEF), do Conselho Federal de Economia (COFECON), da Associação dos Funcionários do Ipea/Sindicato Nacional dos Servidores do Ipea (Afipea-Sindical), do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical) e da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor) e da Tricontinental.

ABED formou uma Comissão Editorial integrada por Antônio Carlos Galvão, Inês Patrício, César Bolaño, Marcelo Manzano, Mariano Macedo e Nelson Le Cocq d’Oliveira e Rogério Chaves. A Comissão decidiu, nesta edição, homenagear por nota os professores Wilson Cano e Carlos Lessa, falecidos recentemente.

Prefaciado por Conceição Tavares (RJ), o livro traz uma entrevista com Celso Furtado realizada, em 1996, por Mário Teodoro (DF), o texto Metamorfoses do capitalismo, do próprio Furtado (2002) e contribuições valorosas de Rosa Freire, Saturnino Braga, Glauber Carvalho (CICEF, RJ), Clélio Campolina Diniz (MG), Carlos Brandão (RJ), Leonardo Guimarães Neto e Tânia Barcelar (PE), Sérgio Buarque (PE), André Martins (PE), Ricardo Bielschowsky (RJ), José Cassiolatto e Helena Lastres (RJ), Ruben Sawaya (SP), Nelson Le Cocq (RJ), Sérgio Kapron (RS), César Bolaño (SE), Danilo Fernandes, Harley Silva e Valcir Santos (PA) e Luise Vilares (DF).

Entre os temas presentes nesta coletânea, destaque para reflexões sobre o legado de Furtado no debate sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento; estruturalismo; papel da criatividade e da ciência e tecnologia; capital transnacional, controle sobre a periferia e dependência; e a questão da cultura e da comunicação.

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