Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Stuart Angel Jones foi preso aos 25 anos, em 14 de junho de 1971 no Grajaú, Rio de Janeiro, por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), para onde foi levado. Tinha um encontro marcado com o capitão Carlos Lamarca, mas conseguiu preservar o companheiro nos interrogatórios. Submetido a prolongadas sessões de tortura, foi por fim amarrado à traseira de um jipe e arrastado pelo pátio do quartel. A cada parada do jipe, os agentes levavam a boca do estudante ao cano de descarga e o forçavam a respirar os gases do escapamento. Morreu asfixiado e intoxicado por monóxido de carbono.

A Aeronáutica jamais reconheceu a morte de Stuart Angel, dado como “desaparecido” até hoje. Seu corpo teria sido transportado num helicóptero militar até a área da Restinga da Marambaia, para ser lançado ao mar. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade passou a investigar a hipótese de o militante ter sido enterrado próximo à pista do aeroporto do Galeão.

As buscas pela verdade acerca de Stuart Angel Jones constituem um capítulo à parte na história da resistência à ditadura. A estilista Zuzu Angel, mãe de Stuart, denunciou o seu desaparecimento ao governo dos Estados Unidos (ele era filho de pai norte-americano e tinha dupla cidadania) e passou os últimos cinco anos de sua vida exigindo uma resposta do regime. Ela morreu em 1976 num acidente de automóvel provocado por agentes da repressão. Dias antes, Zuzu deixara com vários amigos cartas denunciando que estava marcada para morrer. Um desses amigos, Chico Buarque, iria compor em sua homenagem a belíssima e triste canção “Angélica”: “Quem é essa mulher / que canta sempre esse estribilho / ‘só queria embalar meu filho / que mora na escuridão do mar’.”

A mulher de Stuart, Sônia Maria de Moraes Angel Jones, foi torturada e morta em São Paulo dois anos depois, em 1973. Enterrada como indigente, seu corpo só seria identificado 18 anos mais tarde pela família, que pode então dar-lhe sepultura digna.

A partir de 1978, o Comitê Brasileiro pela Anistia entra publicamente na busca pelo paradeiro de Stuart Angel Jones. O Centro Sérgio Buarque de Holanda de documentação histórica e política possui em seu acervo fotos e cartazes usados na campanha, assim como uma edição do jornal Em Tempo que, em janeiro de 1979, já denunciava que o regime havia assassinado e “sumido” com 251 brasileiros.

Este texto é um trabalho do Memorial da Democracia, o museu virtual do Instituto Lula e da Fundação Perseu Abramo, dedicado às lutas democráticas do povo brasileiro. Nas páginas do museu você encontra um trecho do filme “Zuzu”, de Sérgio Rezende, e a canção “Angélica”, ambos dedicados à luta da mãe de Stuart para encontrar seu filho.

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