13 de maio: 132 anos de mentiras e lutas
Há tempos o 13 de maio é uma das datas controversas do calendário democrático brasileiro. O Centro Sérgio Buarque de Holanda ajuda a entender os debates em torno dela e a persistência do racismo e do preconceito no país.
Por ocasião do centenário da abolição da escravatura no Brasil, o Partido dos Trabalhadores lançava a campanha “Um século de lutas pela abolição dos preconceitos”. Trinta e dois anos depois, a mesma luta se impõe ao país, mais importante do que nunca.
O Boletim Nacional do PT de maio de 1988 trazia o artigo “O centenário da antiabolição”, no qual Florestan Fernandes chamava a atenção para as contradições do 13 de maio. A data marca a abolição oficial, pacífica, que buscava essencialmente libertar a economia dos entraves ao modo de produção capitalista. Em oposição a ela, houve outro movimento, liderado por negros escravizados e libertos anônimos e associado “à violência, à fuga, ao aparecimento de quilombos e à fermentação de conflitos sociais nas fazendas, nas zonas de plantações e mesmo nas cidades”.
A então deputada federal constituinte Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar um assento no Congresso Nacional, mostrava que não estava ali para comemorar conquistas, mas para representar a maioria até então silenciada. “Minha presença nesta Casa deve-se ao resultado do esforço comum das comunidades faveladas e de um partido que garantiu o espaço da maioria silenciada”, disse em seu primeiro pronunciamento na Câmara. Já naquela época ela denunciava, juntamente com o deputado Paulo Paim (PT-RS), o assassinato do operário negro Julio Cesar de Mesquita Pinto: “foi assassinado pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. “Qual o crime deste homem? Nascer negro?”.
O mesmo boletim traz os textos “A democracia racial no Brasil é uma farsa”, de Héldio Silva Junior, “Os negros no PT: organizar e transformar”, de Flávio Jorge Rodrigues da Silva, e “Três vezes discriminada”, de Sueli Chan Ferreira.
A história de lutas contra o preconceito e reflexões sobre racismo, escravidão e a participação do negro na sociedade e na política está documentada em cartazes, fotos e textos no acervo do Centro Sérgio Buarque de Holanda, da Fundação Perseu Abramo.
Alguns documentos do acervo sobre o 13 de maio:
Cartaz 100 anos de mentira: 1888 – 1988 centenário da abolição
Cartaz 1988 1988: Um século de lutas pela abolição dos preconceitos
Cartaz 13 de maio? (Sindicato dos Bancários, 1982)
Artigo: “O centenário da antiabolição”, Florestan Fernandes (pg. 210)
Artigo: “Treze de maio: todos a S. Bernardo”, Mariângela Haswani (pg. 169)