Peste negra, influenza, Covid-19: a morte não causa mais espanto?
As imagens da morte saltam aos olhos e às mentes das pessoas do mundo inteiro diante da pandemia da Covid-19. A ideia de corpos inertes que jazem na pista de hóquei sobre o gelo na Espanha, os caixões empilhados em caminhões na Itália, as covas coletivas em Nova York, as fotos de covas sequenciais em cemitérios de São Paulo e relatos de pessoas morrendo em suas casas por não conseguir respirar, em Quito ou Manaus, são peças de um roteiro macabro mas real.
De repente, uma sociedade que procura esquecer a morte, ou mesmo uma civilização cada vez menos sensível à morte como modo de vida e instrumento político e de gestão, vê-se às voltas com o medo que pode se materializar num corrimão, numa maçaneta, num abraço, numa conversa.
“Morte e Pandemia na História: ontem e hoje”, tema da edição da tvPT desta quinta-feira, dia 7 de maio, a partir das 11 horas, não só pretende tratar das formas como a humanidade lidou com períodos tenebrosos como os atuais ao longo do tempo, mas especialmente pensar como está encarando a luta pela vida hoje.
Para falar de como as manifestações artísticas e culturais, incluindo os poderes religiosos e políticos, apropriaram-se de pandemias e acúmulo de mortes em períodos como a Idade Média e o Romantismo, a tvPT recebe Juliana Schmitt, historiadora cujas pesquisas sobre o tema deram origem aos livros “O Imaginário Macabro ” e “Mortes Vitorianas – Corpos, Luto e Vestuário”, ambos pela Alameda Editorial.
João Batista Gomes, diretor da CUT e do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), por sua vez, vai contar um pouco da realidade dos trabalhadores do Serviço Funerário da cidade e das famílias que, penalizadas, têm se despedido de seus mortos sem direito sequer a cerimônia fúnebre.
Joãozinho, como é conhecido no movimento sindical, tem origem no Serviço Funerário Municipal de São Paulo. Desde que começou a pandemia, ele tem visitado quase diariamente os cemitérios da capital para acompanhar e denunciar as más condições de trabalho dos servidores públicos que estão em contato direto com essa realidade.
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