É com grande pesar que recebemos a notícia da morte de Aldir Blanc, aos 73 anos, vítima de coronavírus no Rio de Janeiro nesta madrugada. Aldir é um dos maiores letristas da música popular brasileira, um cronista do cotidiano do país. Afinal de contas, “o Brasil não conhece o Brasil”. Como esquecer a letra de “De frente pro crime”: “Tá lá o corpo estendido no chão/ Em vez de rosto uma foto de um gol…”.

Suas parcerias com João Bosco foram cantadas por décadas pelo país afora. Para o campo democrático foi marcante a música “O bêbado e a equilibrista”, que em 1979 tornou-se o hino da campanha pela Anistia na voz de Elis Regina.

Aldir Blanc estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 15 de abril, com infecção generalizada, após dificuldade da família em conseguir sua internação em uma unidade de terapia intensiva.

Uma perda dessa dimensão exige de nós uma profunda reflexão sobre o quanto é fundamental mantermos o distanciamento social para evitar o colapso do sistema de saúde, que já se encontra no limite. Quantos pobres e anônimos poderão morrer sem ao menos chegar a um leito de hospital?

Neste momento de tristeza, nos solidarizamos com toda a família de Aldir Blanc, em especial com sua esposa Mari Blanc, também diagnosticada com a covid-19.

“Chora a nossa pátria, mãe gentil!”

 

Aloizio Mercadante é presidente da Fundação Perseu Abramo

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