Programa de Páscoa debate relação entre fé, política e pandemia
A edição das 19 horas da tvPT desta sexta-feira, dia 10 de abril, embarca no clima de Páscoa e vai tratar dos significados desta festa, comemorada por grande parte da população brasileira e mundial, e seus significados e apropriações nesta época de epidemia do coronavírus.
Grandes crises humanitárias costumam, desde tempos imemoriais, despertar questionamentos existenciais profundos. Seria isso castigo divino frente aos desmandos do homem? Oportunidade de reinventar-se, pela fé? Ou prova da inexistência do poder divino?
No Brasil da era bolsonarista, essas questões ganham contornos peculiares. A negação das evidências científicas e da importância das pesquisas em busca de cura e tratamento não significam exatamente e sempre um apego à fé e à esperança do milagre.
Para debater questões como a convivência entre fé e religião, a tvPT convida Simony dos Anjos, cientista social e integrante do coletivo Evangélicas pela Igualdade de Gênero, e Gilberto Carvalho, católico, diretor da Escola Nacional de Formação do PT e ex-ministro do governo Dilma.
A apropriação da fé pela política e seu inverso sempre rendem controvérsias. No caso de Bolsonaro, cujas atitudes não revelam traços de empatia, misericórdia ou condolência pelo sofrimento alheio, o apelo a iniciativas como o “jejum coletivo” e tentativa de classificação de cultos religiosos em grupo como atividade essencial parecem motivados por cálculos eleitorais e estratégia de disputa de poder. O presidente, nestas ocasiões, tem obtido apoio de lideranças religiosas com forte projeção midiática.
No entanto, não se deve menosprezar a dimensão do milagre, que representa para muitos um elemento-chave da vida e possui caráter de compêndio enciclopédico para a decifração das perguntas sem resposta, como assinalou Marx.
Como sabemos, as chamadas religiões e suas formas de expressão fazem parte essencial de todas as comunidades e civilizações de que se tem notícia e registro historiográfico. Mesmo para pensadores ateus, trata-se de uma referência inescapável. Nas artes, sua presença é constante e as chamadas mitologias que as compõem constituem objeto de criação e reinterpretação permanentes. Na política, desconsiderá-las ou querer sufocá-las nunca é tarefa sem implicações que podem ser decisivas.
Origens da Páscoa
Data fundamental para os cristãos, judeus e inclusive para os que professam crenças de matriz africana, com diferentes interpretações e objetos de reverência, essa festividade tem origem nas tradições judaicas. Tem como marco a libertação dos judeus da servidão imposta pelo Egito, como descrito no Velho Testamento, tendo como figura central Moisés. Em 2020, a páscoa judaica foi comemorada no último dia 8.
Para os cristãos, representa a ressurreição de Cristo, tanto para católicos quanto para evangélicos e ortodoxos (estes últimos celebram em data diferente; em 2020 será no final de abril).
Neste ano, a coronacrise produz situação nova: as tradicionais reuniões de família estão suspensas. Algo parecido havia ocorrido pela última vez durante a 2ª Guerra, e ainda assim atingido apenas parte das famílias, aquelas situadas no centro dos combates ou separadas pelo envio de integrantes ao front.
A tvPT, com programação de segunda a sexta sempre em duas edições diárias, às 11h e às 19h, pode ser assistida pelos canais do facebook, do youtube, instagram e twitter do PT e da Fundação Perseu Abramo.