Torneiras secas pioram a vida de quem enfrenta a crise
A coronacrise chamou a atenção, de modo dramático, para um problema antigo que aflige grandes parcelas do povo brasileiro: a falta de saneamento básico e de água tratada nas torneiras das casas nas periferias e favelas. Em um período em que lavar as mãos é medida indispensável para evitar a infecção pelo covid-19, o assunto ganha destaque e abre caminho para um debate sério sobre o que deve ser feito para eliminar esse sintoma da injustiça social e da concentração de renda no país.
A TV PT, em sua edição de quarta-feira, 8 de abril, a partir das 11 horas, com o tema “Sem lavar as mãos: saneamento básico e o coronavírus”, vai discutir o estado atual do acesso a água tratada e esgoto sanitário no Brasil e alternativas para dar rumos civilizatórios ao setor.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relacionados a 2018, indicam quase 24 milhões de casas sem escoamento de esgoto, entre os 71 milhões de domicílios que existem no Brasil. Para 12 milhões de residências, falta coleta de lixo e, em 10 milhões, não há distribuição de água.
Os convidados desta edição são o deputado federal pelo PT da Bahia Afonso Florence e o especialista Edson Aparecido da Silva, assessor da Federação Nacional dos Urbanitários /CUT e integrante da coordenação do Observatório Nacional dos Direitos à Água e a Saneamento (Ondas). Florence, em seu mandato legislativo, tem sido interlocutor dos movimentos sociais no debate de novas propostas de regulamentação do setor.
Entre essas propostas, a privatização do setor tem o apoio de amplos setores da mídia e do empresariado. Seria essa a saída para os problemas? Segundo Florence e Edson, não. Eles defendem que água e saneamento, assim como a saúde pública, são responsabilidades do Estado. A iniciativa privada, por visar lucro, deixaria de lado justamente os territórios em que o saneamento não gera ganhos. Por isso, a falta de água e saneamento nas periferias e favelas, assim como em pequenas cidades do interior, só pioraria.
Ambos, no entanto, admitem que há falhas no modelo atual, mas que só serão superadas com o melhor preparo dos gestores públicos. Tanto Florence quanto Edson afirmam que o marco regulatório herdado dos governos Lula, elaborados após amplo e longo debate com a sociedade civil, representam avanços. Mas a aplicação deve ser aprimorada. E privatização, nunca.