O Coronavírus no país continua a crescer proporcionalmente mais do que na Europa e, após 27 dias do primeiro caso, já tem mais infectados do que a Itália possuía no mesmo período, no qual o país europeu já apresentava boom de seus casos.

Isso pode ser percebido no gráfico a seguir ao se comparar a linha vermelha (Brasil) com a verde (Itália). No mesmo período de dias, enquanto a Itália já apresentava 528 casos, o Brasil apresenta 2.187, 314% a mais do que o pior país europeu em número de infectados até então.

Infelizmente a situação do Brasil pode ser ainda pior, pois, à exceção do México, é onde se realizam menos testes entre os países comparados, o que leva a um alto índice de subnotificação. A universidade britânica London School of Tropical Medicine fez um cálculo de subnotificação da covid-19 para vários países e apontou que no Brasil apenas 11% dos casos devem estar sendo diagnosticados. Isto elevaria o total de casos de hoje de 2.187 para 19.882 casos reais. Para se ter uma ideia, esta proporção de subnotificação é de 88% na Coréia do Sul e 75% na Alemanha. Vale destacar que a Alemanha é, atualmente, o país com a menor taxa de mortalidade pelo vírus, 0,46%, ao passo que a do Brasil é 4 vezes maior, 1,8%.

Seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), esta política de testes em massa está sendo adotada em diversos países. É sugerido que se faça testes em qualquer pessoa que tenha tido contato direto com algum caso confirmado. Um estudo realizado por cientistas chineses e norte-americanos indicou que foram os infectados assintomáticos os responsáveis pela maioria dos contágios na China.

O gráfico também permite observar a linha de evolução dos infectados de um país que seguiu à risca esta política pouco após o início de seus casos e que vem apresentando estagnação nestes números, a Coreia do Sul, que com um quarto da população brasileira (51 milhões) realiza em média quinze mil testes por dia. Estima-se que o Brasil, por enquanto, realizou cerca de trinta mil testes no total destes 27 dias, a maioria destes por iniciativa de governos estaduais.

Enquanto muitos outros países agem firmemente contra este vírus, seja com grandes medidas protetivas à economia e aos trabalhadores, seja no aspecto específico da saúde, o governo federal brasileiro ainda demonstra mais teoria do que prática, além de discursos negacionistas. O presidente Bolsonaro foi considerado pelo presidente de uma das maiores consultorias de risco político do mundo, a norte-americana Eurasia Group, como o “líder mais ineficaz do mundo quanto à resposta ao Coronavírus”.

Os Estados Unidos, inclusive, também merecem destaque na sua evolução dos casos de Coronavírus. Nesta semana o país apresentou grande aumento no número de infectados, totalizando 50.592 na terça-feira, 24 de março, e dá fortes indícios de que pode ser o novo epicentro da epidemia, segundo a OMS. Vale lembrar que o governo federal brasileiro restringiu o acesso aéreo ao país para diversos locais, inclusive Europa, mas não incluiu os Estados Unidos nesta lista.

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