A semana foi marcada pela disputa entre governadores e o presidente da República em torno da conduta para combater o coronavírus.  Nesta quarta, 25, os governadores reunidos no Consórcio Nordeste divulgaram carta oficial (em que rebatem a postura bolsonarista que, numa sequência de episódios, evidenciou o presidente em atos de desespero para tentar salvar a economia e a imagem de sua gestão, que se afunda cada vez mais ao criticar as iniciativas de isolamento social realizadas pelos governos estaduais para conter a pandemia e salvar vidas.

Em entrevista para a TV Record, realizada em 22 de março, Jair Bolsonaro criticou as medidas de isolamento social dos estados e subiu o tom contra os governadores mencionando que “fantasiam a crise” da pandemia e chamando-os de “exterminadores de emprego e que o povo vai saber que foi enganado por eles na crise do coronavírus”.

A percepção da população sobre a disputa mostrou que Bolsonaro teve avaliação pior que governadores nas ações a respeito da crise do cononavírus. Os resultados da pesquisa realizada pelo Datafolha, em 23/03, mostraram que 54% dos entrevistados aprovam as ações dos governadores, enquanto o trabalho do presidente foi aprovado por 35% dos entrevistados. O Ministério da Saúde também foi mais bem avaliado que Bolsonaro, alcançando 55% de aprovação.

Pressionado pelas críticas dos gestores públicos e da mídia, Jair Bolsonaro pareceu mudar, temporariamente, o tom sobre a disputa com governadores a respeito do coronavírus. No último dia 23, o presidente realizou reuniões virtuais com os governadores do Norte e Nordeste e anunciou um pacote de medidas em apoio aos estados e municípios brasileiros no valor de R$ 88,2 bilhões.

Créditos: Gov BA

Rui Costa (PT/BA)

 

No dia seguinte, em desastroso pronunciamento em rádio e televisão sobre a crise do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro atacou novamente os governadores, o fechamento de escolas e comércio para combater a epidemia e culpou a imprensa por instaurar um ambiente de pânico em todo território nacional. Em resposta, os governadores de todas as regiões geográficas criticaram o pronunciamento feito por Bolsonaro por meio de intervenções que apontam perda de legitimidade do presidente da República..

O coronavírus já matou até o momento 46 pessoas no Brasil e deixou mais de dois mil infectados. A pergunta que cabe é: quais serão as consequências para a sociedade brasileira das trapalhadas de um presidente que minimiza os efeitos da pandemia mundial do covid19 e não consegue governar de forma harmônica com os entes federados?

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