Com uma trajetória política profundamente ligada à educação pública, na qual iniciou sua militância sindical, tendo comandado greves e mobilizações que o projetaram nacionalmente, o companheiro João Felício morreu na madrugada desta quinta-feira, 19 de março, em São Paulo, após luta contra o câncer.

O Partido dos Trabalhadores e a Central Única dos Trabalhadores emitiram notas oficiais de pesar. Confira:

Nota do PT

Com profundo pesar recebemos hoje (19/03) a notícia da morte do companheiro João Felício, ex-presidente da CUT e da Confederação Sindical Internacional (CSI), a maior organização de trabalhadoras e trabalhadores do mundo.
Professor da rede pública em São Paulo, João Felício foi presidente da Apeoesp. Na CUT, liderou grandes mobilizações nacionais da classe trabalhadora e teve atuação destacada no movimento sindical internacional.

Sua contribuição para as lutas das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros, na CUT e no PT, fez de João Felício um companheiro imprescindível.

Nossa solidariedade à família, aos amigos e amigas e companheiros e companheiras nesse momento tão triste.
João Felício estará sempre presente em nossa luta e na história da classe trabalhadora.

Gleisi Hoffmann, Presidenta Nacional do PT
Paulo Cayres, Secretário Nacional Sindical do PT

Créditos: Roberto Parizotti

 

Nota da CUT

A CUT comunica, com extremo pesar, o falecimento às 3h da madrugada desta quinta-feira (19), em São Paulo, do companheiro João Felício, ex-presidente nacional da CUT, da APEOESP e da Confederação Sindical Internacional (CSI). O velório ocorrerá à partir das 14h, no cemitério do Araçá e seu sepultamento ocorre às 17h no mesmo local.

Formado em Desenho e Plástica, Educação Artística e História da Arte, pela Fundação Educacional de Bauru, Felício começou a lecionar como professor de Desenho em São Paulo, na rede oficial de Ensino Estadual.

João Felício iniciou sua militância política e sindical nos anos 1970. Em 1977, participou das mobilizações dos professores, da luta por melhores condições de vida e salário, contra a ditadura militar e pela conquista da Apeoesp (então uma associação, por força da legislação da ditadura, mas depois tornado o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).

Em 1980 foi eleito para o Conselho de Representantes da Apeoesp, pela região norte da Capital. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), como Delegado no Congresso de Fundação, no Colégio Sion na capital.

Em 1981 venceu a eleição para Diretoria da Apeoesp, como diretor do Departamento Cultural. Neste período foi criada a Comissão de Mulheres e a de Combate ao Racismo da Apeoesp, vinculadas àquele departamentoo. E também a organização de atividades culturais entre professores e alunos e formulação da concepção de educação e escola Pública da Apeoesp.

Em 1983 participou do processo que resultou na fundação da CUT e da filiação da Apeoesp à Central. Foi reeleito como diretor do Departamento Cultural.

Em 1984 participou da campanha das Diretas-Já e da greve dos professores durante o governo Montoro, quando o sindicato chegou a realizar assembleias com mais de 50 mil professores. Em 1985 foi eleito diretor de subsedes da capital da Apeoesp. Em 1987 foi eleito presidente da Apeoesp e, naquele ano, a entidade realizou duas greves, uma em cada semestre.

Participou da luta por uma nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional e em 1989 foi reeleito presidente com mais de 80% dos votos. Neste ano ocorreu a mais longa greve da história dos professores do Estado de São Paulo (oitenta e dois dias), resultando numa conquista de 126% de reajuste.

Em 1990 a Apeoesp lança a campanha “Educação no Centro das Atenções”. Felício é eleito primeiro suplente do senador Eduardo Suplicy (PT – São Paulo) e membro do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores. Em 1991 foi reeleito para o terceiro mandato como presidente da Apeoesp.

Em 1993 deixa a presidência da Apeoesp e retorna à sala de aula, na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Dr. Octávio Mendes, no bairro de Santana, na capital paulista. Naquele ano a Apeoesp atingiu a marca de 122 mil associados, dos quais 70 mil participaram no processo eleitoral, na maior eleição na história da entidade, quando foi eleito presidente o professor Roberto Felicio, irmão de João.

Em 1994 foi eleito para Direção Executiva Nacional da CUT, indicado pelos professores do Brasil. Neste mandato foi responsável pela Comissão de Educação, Formação Profissional e da Previdência e membro do Coletivo Internacional da CUT, para questões relativas à OIT (Organização Internacional do Trabalho) e Direitos Humanos. Em 1997 foi eleito Secretário Geral Nacional da CUT e membro do Diretório Nacional do PT. Em 2000 assumiu a Presidência Nacional da CUT.

Em 2003 foi eleito secretário-geral Nacional da CUT e secretário Sindical Nacional do PT.

Indicado pela CUT, foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, criado pelo governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Também indicado pela CUT, foi representante da central no Conselho de Administração do BNDES. Fez parte ainda, da Direção do Instituto de Cidadania.

Em 2005, retorna à Presidência da CUT Nacional, após a saída de Luiz Marinho, que assumiria o Ministério do Trabalho.

Em 2006 foi eleito pelo 9º CONCUT como Secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional. Em 2009 reeleito Secretário de Relações Internacionais, mandato renovado em 2012 no 11º CONCUT.

Em 2014 foi eleito presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI). Felício foi o primeiro latino-americano a presidir essa importante central internacional.

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