Coronavírus: ‘home office’, proteger idosos e evitar aglomerações
Com a confirmação de que está ocorrendo transmissão comunitária – quando pessoas que não viajaram a locais com muitos casos transmitem a doença entre si – do coronavírus em São Paulo, a medida de contenção ideal seria reduzir a mobilidade da população pela região metropolitana de São Paulo e evitar aglomerações de pessoas. Esse é o posicionamento da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), divulgado em nota publicada ontem (12). O Ministério da Saúde já contabilizou 100 casos de infecção por coronavírus, a maior parte em São Paulo. Estima-se que 45 mil pessoas vão contrair a doença nos próximos meses.
“Ao se identificar a fase inicial de transmissão comunitária, as medidas iniciais mais recomendadas são: estimular o trabalho em horários alternativos em escala; reuniões virtuais; home office; restrição de contato social para pessoas com 60 anos ou mais e que apresentam comorbidades; realizar testes em profissionais de saúde com ‘síndrome gripal’, mesmo os que não tiveram contato direto com casos confirmados; cancelar ou adiar a realização de eventos com muitas pessoas; isolamento respiratório domiciliar de viajante internacional que regressou de país com transmissão comunitária por sete dias”, diz a SBI.
Apesar disso, os infectologistas consideram que não é necessário fechar escolas, sobretudo as de educação infantil e fundamental. “O fechamento de escolas pode levar a várias famílias a terem que deixar seus filhos com seus avós, pois seus pais trabalham. Nas crianças, o coronavírus tem se apresentado de forma leve e a letalidade é próximo a zero; já no idoso, a letalidade aumenta muito. No idoso com mais de 80 anos e comorbidades, a letalidade é em torno de 15%. Portanto o fechamento de escolas em cidades em que os casos são importados ou a transmissão é local pode ser prejudicial para sociedade”, acrescenta a entidade no documento.
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Segundo a SBI, medidas como o fechamento de escolas, universidades, igrejas, e o adiamento de jogos de futebol, shows e outros eventos coletivos devem ser colocados em prática se o número de casos continuar subindo, passando dos mil em uma mesma cidade ou estado, dependendo do número de moradores.
Nesse caso, também é necessário que os governos intensifiquem as medidas de enfrentamento, requisitando leitos extras de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), inclusive da rede privada. A SBI defende que pacientes com casos leves de coronavírus devem permanecer em isolamento domiciliar e não devem mais procurar assistência médica, porque os serviços de saúde estarão sobrecarregados – exceto em casos de agravamento do quadro de saúde. E que os hospitais suspendam a realizam de cirurgias eletivas e só realizem exames para confirmar o diagnóstico em pacientes hospitalizados.
A SBI reitera as recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde, de que a higiene constante é a melhor medida de prevenção. Lavar frequentemente as mãos com água e sabão e limpar superfícies, como móveis, celulares e corrimão, o que pode ser feito com álcool 70%, desinfetantes ou água sanitária. Evite tocar as mucosas de olhos, nariz e boca. Preferir ambientes ventilados e sem grandes aglomerações de pessoas. Também é recomendado evitar o compartilhamento de copos, talheres e toalhas.
Os infectologistas também recomendam que nenhuma medicação para o tratamento de pessoas com HIV/Aids, bem como vitamina C e corticoides, seja usado no tratamento de pacientes com coronavírus, pois não há evidência científica de eficácia e segurança. “Algumas delas, como o corticoide, já demonstraram que podem piorar a evolução de outras viroses respiratórias, como na gripe”, destaca a SBI.
A Sociedade Brasileira de Infectologia criou um canal no WhatsApp para passar informações sobre a epidemia de coronavírus. O número é (11) 97090-3588. Após adicionar o número, mande uma saudação para ser inscrito.