O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou, nesta terça-feira, com o economista Thomas Piketty na Escola de Economia de Paris. Piketty é autor de “O Capital no século XXI” e tem coordenado um laboratório de estudos sobre a desigualdade no mundo.

Para Lula, a desigualdade é um tema urgente. “Um tema urgente e com o qual pude contribuir hoje a partir da experiência brasileira no combate à miséria. Nós temos que expor a desigualdade como um problema político, uma questão de dignidade humana. Não haverá diminuição da desigualdade se a gente não mexer no coração da riqueza. Combinamos que esse será o primeiro encontro de uma longa colaboração para aprofundar esse debate no Brasil e no mundo”.

Agenda europeia

Lula iniciou seus compromissos na França no domingo, reunindo-se com políticos como deputado francês Eric Coquerel e o líder do grupo França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que visitou Lula em Curitiba quando o ex-presidente estava preso na sede da Polícia Federal.

Créditos: Ricardo Stuckert

A agenda do ex-presidente seguirá por outros países europeus. Em visita a Genebra, no dia 6, por exemplo, Lula se encontrará com representantes do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), que congrega mais de 340 igrejas em mais de 120 países. Na pauta, o ex-presidente deve abordar a desigualdade social, tema central do encontro com o Papa Francisco no Vaticano. Ainda na Suíça, o ex-presidente participa de encontro com representantes de sindicatos globais.

Já em Berlim, na Alemanha, o petista se reunirá com lideranças políticas e com representantes do movimento sindical alemão. No dia 9, participa de encontro em defesa da democracia no Brasil. Será um ato público em que encontrará representantes dos comitês internacionais Lula Livre.

Cidadão honorário de Paris

Ontem, a agenda de Lula registrou um dos momentos de maior visibilidade, tendo repercutido na imprensa de vários países. Ele recebeu o título de Cidadão Honorário de Paris. Dirigindo-se à prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, ele destacou o simbolismo da cerimônia. Num momento em que os direitos humanos e a democracia são atacados pelo governo de Jair Bolsonaro, Lula se disse emocionado. “E me emociona de maneira especial porque foi concedido num dos momentos mais difíceis da nossa luta, quando me encontrava preso de forma ilegal, uma prisão política num processo que ainda não se encerrou”, afirmou em Paris – cidade que ele classificou como símbolo perpétuo dos Direitos do Homem.

A cerimônia foi realizada na prefeitura parisiense, e teve a presença da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

O título foi concedido a Lula em 3 de outubro de 2019, quando ele ainda estava preso. “Era o momento em que mais precisávamos da solidariedade internacional, para denunciar as injustiças que vinham sendo cometidas contra o povo brasileiro e as agressões ao estado de direito em meu país.”

Lula destacou no discurso a “deliberada” destruição da Amazônia e “das fontes de vida” no Brasil, o que atinge “milhões de famílias de agricultores, das populações que vivem à margem dos rios e nas florestas, dos indígenas e dos povos da Amazônia”.

De acordo com Lula, a destruição é causada pelas “políticas irresponsáveis e criminosas de um governo que ameaça o planeta”. As questões relativas ao meio ambiente têm grande importância na Europa.

O petista disse que gostaria de estar na “cidade libertária para simplesmente celebrar a fraternidade entre os povos”, mas que tem o dever de falar “em nome dos que sofrem, em meu país, com o desemprego e a pobreza, com a revogação de direitos históricos dos trabalhadores e a destruição das bases de um projeto de desenvolvimento sustentável”.

Segundo ele, a atual situação por que passa o Brasil decorre do enfraquecimento do processo democrático, “estimulado pela ganância de uns poucos e por um desprezo mesquinho pelos direitos do povo”.

Em determinado momento da fala, Lula chamou o ex-juiz Sergio Moro de “mentiroso”. Foi bastante aplaudido neste momento. No entanto, as redes sociais comandadas pela militância bolsonarista produziu vídeos falsos tentando afirmar que ele foi vaiado. A inveja mata!

(com textos da Agência PT e Rede Brasil Atual)

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