Desde 2014, durante o processo eleitoral que elegeu o PT pela quarta vez consecutiva, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem sido acusado de suspeita de corrupção e irregularidades nos contratos feitos pelo órgão durante os governos petistas. O Banco era acusado de estar aparelhado e ser o maior foco de corrupção dos governos petistas.

Uma auditoria feita no BNDES, chamada de “caixa-preta do BNDES”, divulgou os resultados no final de 2019 e demonstram que não houve qualquer sinal de corrupção nos documentos analisados. Na auditoria foram analisados documentos da contratação das empresas do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Logo a pós o resultado das eleições de 2018, Jair Bolsonaro se comprometeu a “abrir a caixa-preta do BNDES e revelar ao povo brasileiro o que foi feito com seu dinheiro nos últimos anos”. Em campanha feita por WhatsApp, às vésperas do segundo turno, Bolsonaro dizia: “se o povo brasileiro acha que o Petrolão foi o maior escândalo de todos os tempos do país, esperem até ver o que fizeram no BNDES”.

O ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que atuou na instituição de 2001 a 2016, declarou que “ou sou um completo idiota ou não existe ‘caixa-preta’ no BNDES”. O próprio Joaquim Levy, indicado pelo ministro Paulo Guedes para o cargo, também não encontrou qualquer informação sobre operações irregulares no passado. Bolsonaro chegou a afirmar que Joaquim Levy “estaria fora” caso não abrisse a “caixa-preta” do Banco. Levy deixou o cargo em junho de 2019, após insinuações de Bolsonaro de que não quis abrir a caixa-preta e ameaças de demiti-lo.

A auditoria para a abertura da suposta caixa-preta do BNDES foi contratada ainda pelo governo Dilma, em 2015, com o escritório de advocacia Colear Goteie Steen & Hamilton, com sede em Nova Iorque, e prorrogada por Michel Temer por mais trinta meses. Gustavo Montezano, presidente no BNDES do governo de Bolsonaro, firmou um aditivo contratual com um reajuste de 25% no valor total do contrato.

A auditoria analisou ao todo oito operações, durante 22 meses. No relatório entregue ao BNDES, em dezembro de 2019, os auditores reconhecem que não encontraram nenhuma irregularidade. A contratação da auditoria para “abrir a caixa-preta do BNDES” custou aos cofres públicos 48 milhões de dólares, quinze milhões a mais que o contrato originalmente firmado.

O ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, questionou o valor divulgado do contrato que, segundo ele, é “quatro a cinco vezes maior” do que o acordado e pediu explicações sobre essa diferença. Representantes da CPI do BNDES na Câmara também cobroram explicações, sobretudo por que Montezano não informou, durante 2019, que uma auditoria milionária estava sendo realizada no BNDES. O Tribunal de Contas da União (TCU) deu prazo de vinte dias para o atual presidente do Banco, Gustavo Montezano, dar explicações sobre o aumento do valor da auditoria.

No encontro de Davos, na Suíça, já sob pressão para dar explicações sobre o caso, Montezano tentou jogar a responsabilidade pela auditoria para seus antecessores. Disse que o contrato foi firmado durante a gestão Temer, o que é verdade, mas omitiu o aditivo de quinze milhões em sua gestão.

No dia 27 de janeiro, uma cúpula de executivos do BNDES se dividiu para tentar dar explicações. As primeiras conversas ocorreram na Controladoria-Geral da União (CGU), na Câmara e no Tribunal de Contas da União, onde Montezano conversou com o ministro Aroldo Cedraz. Seguiu para o Ministério da Economia, onde se encontrou com o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, e o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

Até o momento não foi divulgado o teor das explicações, mas ao que tudo indica, o roubo ao BNDES foi realizado na gestão de Bolsonaro.

Auditoria no BNDES torra 48 milhões de dinheiro público