A atriz Regina Duarte foi convidada na última sexta-feira para assumir a secretaria em substituição a Roberto Alvim, demitido depois de divulgar um vídeo usando citações e a estética do ministro da Propaganda nazista alemão, Joseph Goebbels.

Na segunda-feira (20) a atriz teve um encontro com Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro e disse que irá a Brasília ainda nesta semana, onde, a partir de quarta-feira, iniciará um período de “testes” para conhecer a estrutura, o pessoal e o trabalho que é desenvolvido na Secretaria Especial da Cultura. Jair Bolsonaro publicou foto do encontro com Regina Duarte e disse que tiveram uma excelente “conversa sobre o futuro da cultura no Brasil” e que iniciaram “um noivado”.

Regina Duarte conheceu Bolsonaro em 2018, durante a campanha eleitoral, e é “apoiadora deste governo desde sempre”. Em várias ocasiões saiu em defesa de Bolsonaro e de pautas e manifestações de direita. Avalia Bolsonaro como “um homem doce”, que tem “uma alma democrática” e que suas declarações machistas, racistas e homofóbicas são “da boca pra fora”. Defende o ex-juiz Sergio Moro e o promotor Deltan Dallagnol e é favorável à flexibilização do porte de armas.

No ano passado, quando a classe artística criticava os cortes nas áreas de educação e cultura, a atriz defendeu o governo, afirmando que o momento era de conter gastos. Chegou a criticar a indicação de Roberto Alvim para a Secretaria Especial de Cultura, alegando, na época que preferia alguém com mais experiência em gestão pública e mais agregadora da classe artística.

A atriz tem contrato com a Rede Globo, emissora com quem Bolsonaro mantém relação tensa. Se aceitar o convite para o cargo, terá que encerrar seu vínculo com a Globo, uma vez que a emissora não admite que seus contratados exerçam cargos políticos.

Já o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, deve ser responsabilizado administrativa e criminalmente por suas ações, e o Ministério Público Federal (MPF) encaminhou representação para que a Procuradoria da República no Distrito Federal anule todos os atos praticados por ele no cargo, inclusive o edital que lançou o Prêmio Nacional das Artes, que motivou a veiculação do vídeo que causou sua demissão. Segundo a subprocuradora geral da República Deborah Duprat, “não há espaço, no Estado brasileiro, para flertes com regimes autoritários que fizeram da superioridade racial política de governo”.

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