Respeitável público
No final da década de 80, os Titãs já diziam em uma de suas canções “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.
Atravessamos uma crise econômica, expressa em 12,5 milhões de desempregados, em uma visão mais ampliada de desemprego, que inclui subempregados e desalentados, já são quase 28 milhões, 38 milhões na informalidade, e metade das famílias brasileiras vivem com menos de 413 reais mensais.
Uma desigualdade social e econômica que rompe o tecido social. A crise é política, social, ambiental e de perspectivas do futuro, “A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte”.
O setor cultural ocupava, em 2018, mais de cinco milhões de pessoas, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), representando 5,7% do total de ocupados no país. Em 2017, o setor cultural movimentava 226 bilhões de reais, com 325,4 mil organizações atuando nas atividades consideradas como culturais.
Os dados fazem parte do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC) 2007-2018, estudo que, em sua quarta edição, consolida informações de diferentes pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As informações foram divulgadas no último dia 5.
O SIIC indica que a participação do gasto em cultura no total de gastos públicos consolidados das três esferas de governo caiu 0,07 ponto percentual, passando de 0,28%, em 2011, para 0,21% em 2018.
Equipamentos tradicionais como bibliotecas, museus, teatros, rádios e cinemas cresceram em presença nos municípios até 2014, com decréscimo em 2018.
Em 2018, 32,2% da população morava em municípios sem museu, 30,9% sem teatro ou sala de espetáculo e 14,8% sem provedor de internet.
Ao destacar o número de pessoas envolvidas nas atividades culturais e a dimensão financeira envolvida no setor, não se pretende reduzir a Cultura a sua importância econômica.
Nem o baixo investimento do Estado em cultura é uma novidade. O que se inaugura a partir deste ano com o governo Bolsonaro vai muito além do descaso habitual. É o ataque à Cultura e as Artes, o ataque a diferentes manifestações e expressões, no sentido de sufocar tudo aquilo que contesta, que faz pensar, que expõe sentimentos e visões de mundo de diferentes grupos sociais, suas identidades culturais.
Identidade e diversidade cultural podem ser encaradas como faces de uma mesma moeda: é o convívio respeitoso de identidades culturais que permite que a diversidade seja experimentada como valor.
Mas as formas autoritárias de poder não respeitam as diferenças, pautado no ódio, o Governo Bolsonaro encara o diverso como inimigo, na política, nos valores, nas dimensões do cotidiano e nas diferentes expressões culturais.
Neste dia 10 de dezembro comemora-se o dia internacional do Palhaço, o profissional do humor que tem na alegria sua ferramenta de trabalho. Uma profissão muito antiga, que assim como a alegria já atravessou muitos tempos difíceis para um sorriso. Com esse humor que nos faz rir de nós mesmos e com os outros nos faz sentir em coletivo, com os laços de solidariedade para superação destes tempos difíceis.