Faleceu nesta sexta-feira, 22 de novembro, o rabino emérito da Congregação Israelita Paulista e grande defensor dos direitos humanos Henry Sobel.

Durante a ditadura, Sobel rejeitou a versão oficial dos militares de suicídio e se recusou a enterrar o jornalista Vladimir Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita. Esta foi considerada a primeira denúncia oficial do assassinato de Herzog.

Em nota divulgada hoje, Ivo Herzog, filho do jornalista, relembra o ato de coragem: “Quebrando protocolos do judaísmo, enfrentando resistência dentro da comunidade judaica, foi um dos protagonistas que abriram caminho para o fim da ditadura no Brasil.”.

No dia 31 de outubro de 1975, Sobel liderou, ao lado de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, e Jaime Wright, pastor presbiteriano, o histórico ato ecumênico em homenagem a Herzog na Catedral da Sé. O ato atraiu cerca de oito mil pessoas dentro da catedral e nas imediações. O secretário de Segurança Pública, coronel Erasmo Dias, bloqueou ruas de acesso e montou um grande cerco em torno da Praça da Sé, com cavalarianos e cães policiais, para evitar que estudantes e jornalistas saíssem em passeata. Apesar da repressão, a celebração transformou-se na primeira grande manifestação pública contra a ditadura desde 1968.

Em 15 de julho de 1985 foi publicado o livro “Brasil: Nunca Mais“, que resume as principais conclusões do Projeto Brasil: Nunca Mais, coordenado por Henry Sobel, pelo arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns e o pastor presbiteriano Jaime Wright. Durante seis anos, de 1979 a 1985, o projeto fez, de forma clandestina e em condições adversas, um levantamento amplo das violações de direitos humanos cometidas pela ditadura militar.

Com informações do Memorial da Democracia do Instituto Lula e Fundação Perseu Abramo.

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