Com informações da Agência PT de notícias

A Secretaria de Relações Internacionais do PT e a Fundação Perseu Abramo promoveram na sexta-feira (22) uma Conferência Internacional que faz parte da programação do 7º Congresso do partido. O evento foi aberto pela secretária de Relações Internacionais do PT, Monica Valente.

Com o tema “O estado da democracia hoje e a crise ambiental”, o evento contou com a presença de importantes figuras políticas nacionais e internacionais, como a ex-presidenta da República e presidenta do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo, Dilma Rousseff, o secretário de relações Internacionais e Globalização do Partido Socialista da França, Jean Marc Germain, o deputado do parlamento do Mercosul e ex-ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, o ex-primeiro-ministro da Espanha, José Luís Rodrígues Zapatero, e o ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa, presidente do Comitê Internacional Lula Livre, Celso Amorim. A coordenação do debate foi feita pela diretora da Fundação Perseu Abramo, Rosana Ramos.

Durante a mesa de abertura, o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad esteve presente e agradeceu a participação de todos, destacando a importância da Conferência e do 7º Congresso Nacional. “Nós não podemos abdicar da nossa vocação de transformar e melhorar a nossa região e isso exige militância e reflexão critica, além de uma disposição para a luta, que nunca nos faltou”, afirmou Haddad. “Eu espero que a partir do Congresso nós possamos oferecer um novo paradigma inclusivo e compreender que sem a integração dos países da América Latina dificilmente será encontrada a receita do sucesso de cada país”, completou ao encerrar sua fala.

A presidenta Nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, relembrou o destaque de Lula para a formação de uma luta ainda mais intensa a favor dos direitos do povo brasileiro. “A liberdade de Lula traz a esperança para que possamos aprofundar a luta e a resistência no Brasil. A liberdade de Lula inspira a luta em toda a América Latina. Com Lula preso, estava presa também a esperança do povo. Agora, nós podemos fazer uma oposição mais contundente, com Lula falando com o povo. A luta por Lula Livre construída por vocês tinha essa importância, a de colocar Lula para reforçar a oposição a esse desgoverno que veio com programas cruéis contra o povo brasileiro”, reforçou.

Na primeira mesa de debate, “Um balanço do Estado da democracia hoje. A crise do liberalismo e a ascensão da extrema direita. Qual é a perspectiva da esquerda?”, o secretário de relações Internacionais e Globalização do Partido Socialista da França, Jean Marc Germain, ressaltou que o neoliberalismo avança no mundo todo, apesar de não ter cumprido suas promessas  e ter trazido a financeirização, empobrecimento dos trabalhadores e destruição do Estado de bem-estar social. E disse que a América Latina é um território em disputa, referindo-se aos recentes acontecimentos do Chile e ao golpe na Bolívia. “Por que as pessoas não votam mais em partidos? Precisamos reassumir o espaço democrático e investir nas instituições democráticas. No mundo todo a solução é a união”, afirmou.

José Luís Rodrígues Zapatero, que esteve com o presidente Lula horas antes, aproveitou sua fala para reforçar o destaque político que Lula possui e para pedir a união dos países latino-americanos. “Eu e Lula trabalhamos junto em muitos projetos. Eu posso dizer que nunca conheci um líder politico que fez mais pelos pobres e para diminuir a desigualdade que ele. Esse é Lula. A América Latina precisa se unir, para que o continente seja forte e defenda os princípios democráticos. Companheiros do PT, essa é uma luta dura e difícil, mas não cabe a sensação de derrota, porque a vitória está por vir e será muito melhor. Com Lula vamos seguir lutando”.

A ex-presidenta da República Dilma Rousseff encerrou o debate dizendo que existe esperança para derrotar os governos de extrema direita e a destruição que eles provocam. “Nós vivemos uma etapa do capitalismo em que o neoliberalismo assume a direção e o controle sobre qualquer atividade produtiva. E cria a mais grave característica desse sistema que é uma brutal concentração de renda. Então, nós hoje temos que ter a consciência de que o Brasil precisa da América Latina, para de fato ser um país livre e desenvolvido. É essa consciência que faz com que tenhamos alegria quando Alberto e Cristina ganharam a eleição na Argentina, é a luz no fim do túnel. Portanto, a nossa luta democrática aqui é uma luta contra o neoliberalismo e a desigualdade”, afirmou.

A questão ambiental – A segunda mesa da Conferência Internacional trouxe o secretário Nacional do Meio Ambiente do PT e deputado federal, Nilto Tatto, como coordenador do debate e as convidadas: Carmen Foro, Sandra Pereira e Ana Miranda. A secretária-Geral da Central Única dos Trabalhadores, Carmen Foro, abriu o debate fazendo denúncias e alertando para o que é preciso discutir quando se fala em meio ambiente no país. “É indissociável falar de desenvolvimento e democracia e não falar das crises ambientais que o mundo vive hoje. Ela é resultado do modelo produtivo do capitalismo que nos levou a uma crise ambiental global. No Brasil, a democracia está sendo atacada e as nossas riquezas naturais também estão sendo atacadas. Como resultado da agenda ambiental de Bolsonaro, temos mais assassinatos no campo, uma degradação profunda no meio ambiente na nossa região, mais de trezentos agrotóxicos liberados, entre outros problemas”. É indissociável falar de desenvolvimento e democracia e não falar das crises ambientais que o mundo vive hoje. Ela é resultado do modelo produtivo do capitalismo que nos levou a uma crise ambiental global – Carmen Foro

No mesmo tom estava Ana Miranda, euro-deputada da Galícia, do Grupo Verdes-ALE (Alianza Libre Europea), que comentou os prejuízos da destruição causada a partir do capitalismo. “O ano de 2019 foi o ano da resposta social para os problemas climáticos, porque a sociedade começou a fazer uma revolta. O capitalismo foi o agente da destruição do meio ambiente. O problema principal é a destruição das condições de vida de homens e mulheres. Esse desenvolvimento depredatório é o contrário de uma agenda de sustentabilidade. A ganância provoca tragédia e os povos que pagam os custos, são eles que sofrem, os pobres, os indígenas”.

Nilto Tatto finalizou a mesa afirmando que é necessário refletir sobres as responsabilidades de cada país neste momento. “Não há possibilidade de enfrentar o capitalismo sem colocar a questão ecológica. A responsabilidade é compartilhada, todos precisam fazer alguma coisa. Um outro conceito importante é a responsabilidade diferenciada, porque os países mais desenvolvidos só chegaram a esse patamar por ter feito um desenvolvimento a partir de um modelo que não era sustentável. A responsabilidade deles é maior. Então, a questão central é pensar que mundo a gente quer, que país a gente quer”, encerrou.

 

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