25 a 28, novembro 2019
PUC-SP (R. Monte Alegre, 984 – auditório 117A)

Ao final da segunda década do século (e do milênio), a percepção de que o sistema internacional vive um momento de inflexão profunda extravasa o meio restrito dos especialistas e invade a consciência do homem comum, medianamente informado.  O contraste com o quadro que se oferecia na dobra do século não poderia ser mais gritante. Com efeito, concluída a Guerra Fria – com a vitória inconteste de um dos contendores –, a década precedente assistira ao que parecia ser a emergência de uma nova ordem internacional, sem paralelo na história. Fundada na supremacia indisputada de uma única superpotência, a configuração emergente se anunciava como uma nova ordem — com os atributos de coerência relativa e permanência, próprios a esse conceito. Marcada pela ascendência de ideias e valores universalistas, a ordem unipolar recém-criada encontraria sua expressão emblemática em organizações internacionais de novo tipo: a Organização Mundial do Comércio e o Tribunal Penal Internacional.

Os acontecimentos dramáticos que viriam logo a seguir – o atentado de 11 de Setembro e seus desdobramentos: a invasão do Iraque e a Guerra Global ao Terror – não abalaram as convicções recentemente formadas. Pelo contrário, pareceram, de início, confirmar e reforçar as tendências prévias, mostrando que o Império era a fisionomia política dessa nova ordem – a ordem da globalização. Mas as ilusões a esse respeito não duraram muito. Cinco anos depois, elas se desfaziam sob o efeito combinado de três eventos: a crise financeira e econômica global; o fracasso da rodada Doha (depois de oito anos de intensas negociações); e a ação militar russa na Geórgia, que interrompeu o processo de incorporação desse país à Otan.

Evidenciava-se, então, o que alguns analistas vinham assinalando há tempos: que a situação esboçada no imediato pós Guerra Fria era transitória; que, cedo ou tarde, a potência derrotada se reaprumaria e voltaria a reivindicar seu lugar no pódio; que o reordenamento em curso propiciava a constituição de um novo polo de expansão na economia mundial, com implicações geopolíticas dramáticas, posto que não integrado à “comunidade de segurança” edificada pela superpotência depois da Segunda Guerra Mundial. A ascensão de Trump e as políticas de seu governo são incompreensíveis fora desse contexto. Na verdade, um dos aspectos mais salientes do discurso e da ação do controverso presidente americano é exatamente este: o reconhecimento explícito de que o lugar dos Estados Unidos no mundo está em questão.

Um dos objetivos principais da Conferência que estamos organizando é o de aprofundar o exame dos diferentes aspectos envolvidos nesse processo, mobilizando para tanto a experiência de pesquisa acumulada pela equipe do INCT-INEU ao longo de dez anos de atividade continuada, e o concurso de especialistas – nacionais e estrangeiros – convidados para participar do empreendimento. O outro é o de promover a interação entre pesquisadores qualificados, com interesse permanente em estudos sobre os Estados Unidos, com vistas à constituição de um campo intelectual no Brasil centrado nessa temática.

Para cumprir esse duplo objetivo, concebemos um evento com estrutura bifronte: aberto na segunda-feira, dia 25 de novembro, à noite, as manhãs dos dias 26, 27 e 28 serão dedicadas a atividades de caráter geral, envolvendo o conjunto dos participantes. Teremos aí conferências e/ou mesas-redondas, com convidados internacionais e nacionais. As tardes serão reservadas a reuniões dos grupos temáticos, seis ao todo, a saber: Instituições e Processos Políticos Internos; Direitos Humanos; Política Econômica Internacional; Grande Estratégia, Defesa e Segurança Internacional; Estados Unidos e América Latina; Brasil e Estados Unidos. A ideia é que, nestes grupos, haja interação intensa entre pesquisadores de diferentes gerações com trabalhos de pesquisa nas respectivas áreas temáticas, com discussão de textos – que deverão circular entre os participantes dos grupos com boa antecedência – de temas e, eventualmente, de planos de trabalho.

PROGRAMAÇÃO

25 a 28, novembro 2019
Auditório 117A – PUC-SP

25/11/2019

17h-18h Credenciamento

18h-19h50 Solenidade de abertura e Conferência
Conferência: Luis Maira (Ex-Ministro de Estado – Chile) – Estudo dos EUA numa perspectiva Latino Americana

Lançamento do livro Aprendizagens do estudo sobre os Estados Unidos, escrito por Luis Maira (Editora UNESP, Coleção Estudos Internacionais INCT-INEU, 2019)

26/11/2019

9h–12h 1ª Mesa-Redonda: Instituições, Processos Políticos e Direitos Humanos nos Estados Unidos
Coordenador e debatedor: Andrei Koerner (UNICAMP/CEDEC)
Expositores: Tatiana Poggi (UFF), Jana Silverman (AFL-CIO), José Augusto Lindgren Alves (Embaixador), Jayesh Rathod (American University-EUA)

19h–20h30 Conferência: Diana Tussie (FLACSO-Argentina) – Estados Unidos en observación: ¿qué nos aporta el festejo de 100 años de Relaciones Internacionales?

27/11/2019

9h–12h 2ª Mesa-Redonda: Estados Unidos no Mundo: Economia Política e Segurança Internacional
Coordenador e debatedor:  Tullo Vigevani (UNESP/PPGRI-Unesp-Unicamp-PUC-SP)
Expositores: Lia Valls (UFGV-RJ), Leonardo Ramos (PUC-MG), David Sogge (Transnational Institute), Mônica Hirst (Universidad Torcuato di Tella)

19h–20h30 Conferência: Inderjeet Parmar (University of London) – American Foundations, think tanks and the crisis of US-led liberal international order

28/11/2019

9h–12h 3ª Mesa-Redonda: Relações Inter-Hemisféricas: Estados Unidos e América Latina
Coordenador e debatedor: Felipe Loureiro (USP)
Expositores: Luís Fernando Ayerbe (UNESP-ARARAQUARA), Raúl Rodríguez Rodríguez (CEHSEU – Universidad de La Habana), Dawisson Lopes (UFMG), Maria Regina Soares de Lima (IESP/UERJ)

19h–20h30 Conferência: Sebastião Carlos Velasco e Cruz (UNICAMP) – Estudos Políticos sobre Estados Unidos no Brasil: contribuição do INCT-Ineu
Informações: [email protected]

https://www.facebook.com/informeopeu

www.opeu.org.br

Conferência Brasileira de Estudos Políticos sobre os Estados Unidos