Um aumento de 10% no desmatamento na Amazônia leva a um aumento de 3,3% na incidência de malária na região amazônica. É o que discute recém-publicado estudo na prestigiosa revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), de autoria da Andrew MacDonald e Erin Mordecai, disponível aqui.

Os autores apontam que um ressurgimento da malária no Brasil ocorreu a partir de uma rápida devastação da bacia amazônica e analisam dados de 795 municípios entre 2003 e 2015. Os resultados mostram que o desmatamento tem forte efeito positivo na incidência de malária: 10% a mais de desmatamento leva a 3,3% mais incidência de malária (aproximadamente 9.980 casos a mais, relacionados a 1.567 km2 de floresta desmatado a mais). Segundo os autores, o efeito é mais forte no interior e ausente em estados da região em que pouca floresta restou.

No entanto, o estudo também mostra que um aumento de 1% na incidência de malária traz uma redução de 1,4% da área da floresta desmatada, o que está relacionado aos custos humanos diretos para realização do desmatamento (ou seja, 219 quilômetros quadrados a menos de floresta desmatados associados a 3.024 casos de malária em 2008).

Segundo os autores “esse feedback bidirecional socioecológico entre desmatamento e malária, que é atenuado conforme o uso da terra se intensifica, ilustra os laços íntimos entre mudanças climáticas e saúde humana”.

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