Cuba: forças progressistas na jornada antineoliberal
Com informações do Opera Mundi
A América Latina é o epicentro da luta popular mais uma vez. Como declamou Gabriel García Márquez, uma nova e avassaladora utopia da vida (res)surge para garantir que os povos condenados a cem anos de solidão tenham hoje e sempre uma segunda oportunidade sobre a terra. É com o espírito de luta que as forças progressistas de esquerda se reúnem em Cuba, nos dias 1º, 2 e 3 de novembro para a Jornada Anti-imperialista pela Democracia e contra o Neoliberalismo. A presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, e a secretária de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente, vão até Havana representar o Partido dos Trabalhadores.
O encontro, que reunirá mais de mil representantes de partidos políticos e movimentos populares de cerca de 80 países, terá como objetivo central debater a articulação e a unidade dos povos latino-americanos diante de uma mobilização antineoliberal, que mais uma vez toma forma no continente. Os levantes no Chile e no Equador e as vitórias de Alberto Fernández (Argentina) e Evo Morales (Bolívia) foram uma profunda derrota para as intenções imperialistas dos Estados Unidos de Donald Trump.
Se há dez anos o neoliberalismo, expresso na Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), tentou devastar a América Latina, e sofreu uma derrota contundente sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva e dos companheiros Hugo Chávez Néstor Kirchnner, hoje o desafio é enfrentar os governos entreguistas e subservientes como o de Jair Bolsonaro (PSL) e de Sebástian Piñera, além da ameaça da direita uruguaia.
A jornada é justamente fruto do acúmulo político que se produziu a partir da derrota da ALCA e retorna a Cuba, onde ocorreu o Encontro Hemisférico Derrota da ALCA, para fortalecer o espaço de diálogo das lutas populares em defesa das democracias, da soberanias e de integração dos povos contra a exploração imperialista. Já em novembro de 2017, as forças progressistas se reuniram em Montevidéu no Uruguai para um intercâmbio de experiências e lutas, do qual foi tirada uma agenda unitária e de articulação para o evento deste ano.
A jornada será dividida em seis comissões temáticas com o intuito de debater temas relevantes para o cenário latino-americano. As pautas passam por solidariedade a Cuba, livre comércio das transnacionais, guerra cultural, juventude e integração das identidades da Pátria Grande.
Entre os pontos tirados no encontro no Uruguai está a necessidade de compreender as formas de dominação do capital, que se manifestam pela apropriação de terras e dos bens comuns, a exploração do trabalho e o controle dos corpos. Além disso, o encontro de 2017 identificou que os ataques aos direitos dos trabalhadores e a precarização das condições de vida são fomentadas pelas elites transnacionais, que sob o discurso de austeridade, garantem seus lucros rentistas.
Lula Livre, soberania e direitos dos povos
O evento também será uma oportunidade para reafirmar a luta por Lula Livre. O governo cubano iniciou uma campanha para a coleta de assinaturas em favor da liberdade do ex-presidente brasileiro. Durante o Encontro Anti-imperialista, as assinaturas coletadas desde o dia 15 de outubro serão entregues pelo Instituto Cubano de Amizade com os Povos à Gleisi e Mônica.
O sociólogo marxista argentino Atílio Borón, que participará do encontro, classificou o evento como fundamental para a resistência das esquerdas. “Dada a enorme gravidade que a ofensiva do imperialismo assumiu na América Latina, apelando aos métodos mais brutais, se torna fundamental nos solidarizarmos com este evento para discutir as estratégias comuns de resistência contra o imperialismo”, disse o intelectual ao Opera Mundi.
Neste contexto que os movimentos sociais, partidos de esquerda e organizações populares reafirmam a necessidade de rearticular as diversas alternativas e iniciativas para enfrentar o modelo de dominação capitalista neoliberal, sempre expressada pelo atuação imperialista dos EUA e a subserviência das direitas latino-americanas . Ou como costumava então dizer o Coronel Aureliano Buendía:
“Olhem a confusão em que nos metemos só por termos convidado um americano para comer banana”.