Manifesto de ONGs defende as áreas protegidas brasileiras
Entre 14 e 17 de outubro de 2019, a cidade de Lima, no Peru, sediou a terceira edição do Congresso de Áreas Protegidas da América Latina e do Caribe (III Caplac) e tratou do tema “Soluções para o bem-estar e o desenvolvimento sustentável”. O Congresso tem a finalidade de reunir atores sociais de todo o mundo para fortalecer suas capacidades, a fim de promover áreas protegidas como soluções baseadas na natureza para os desafios da sociedade.
Durante o congresso internacional, um coletivo que reúne 10 organizações da sociedade civil envolvidas na defesa das Unidades de Conservação (Coalizão Pró-UCs), apoiado por outras organizações brasileiras presentes no Congresso, denunciou a fragilização das áreas protegidas brasileiras. Baseado em dados oficiais e na análise das atitudes do governo Bolsonaro, o grupo de organizações ambientais elaborou um documento em formato de manifesto, no qual critica o governo brasileiro pela falta de compreensão da relevância das Unidades de Conservação.
Entre as organizações que assinaram o manifesto estão a Conservação Internacional (CI-Brasil), a Fundação SOS Mata Atlântica, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), o Instituto Semeia, a Fundação Grupo Boticário para a Conservação da Natureza, a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação, The Nature Conservancy (TNC), a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN-Brasil) e WWF-Brasil.
A atual gestão do país também foi criticada por não apresentar projetos e avanços a respeito do tema. Em comparação com as propostas e representatividade governamental dos demais países que participaram do evento, a baixa presença de autoridades brasileiras e a falta de protagonismo também foram características dessa terceira edição do Congresso.
As Unidades de Conservação assumem papel relevante na economia brasileira. O desafio é fazer com que essas áreas protegidas sejam compreendidas pela sociedade e gestores públicos como ferramentas de desenvolvimento socioeconômico e de conservação da biodiversidade.
O estudo “Quanto vale o verde: contribuição das Unidades de Conservação para a economia nacional”, realizado pelo Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma), contribui para consolidar uma visão econômica das áreas protegidas. O estudo afirma que as Unidades de Conservação geram riquezas provenientes de bens e serviços associados ao extrativismo, à pesca, ao turismo e uso público, ao carbono florestal, aos recursos hídricos e geração de receitas tributárias municipais. Por exemplo, nas Unidades de Conservação do país existem produção de borracha, de castanha-do-pará, de energia via hidrelétricas, de ICMS ecológico e turismo para visitações dos 67 parques nacionais.
O manifesto pode ser acessado na íntegra aqui.