A Polícia Federal e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado federal Luciano Bivar, presidente do PSL, nesta terça, 15 de outubro, em Pernambuco.

A operação investiga uso ilegal de recursos do fundo partidário em candidaturas-laranjas do partido e omissão de movimentações de recursos financeiros do fundo partidário destinados às candidaturas de mulheres, em Pernambuco. Segundo a PF, há indícios de que 30% do Fundo Partidário que deveria ser empregado em campanhas de candidaturas femininas foram aplicados de forma fictícia, havendo desvio para outras finalidades.

O inquérito foi aberto em março, depois de revelado o esquema de laranjas do partido. O caso ficou parado durante três meses na justiça. Os pedidos de buscas foram enviados pela PF e pela promotoria em agosto, indeferidos em setembro. Após recurso, o TRE reafirmou a necessidade da realização das medidas.

A ação acontece duas semanas após o Ministério Público de Minas Gerais denunciar o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que presidia o PSL mineiro, por irregularidades em candidaturas de mulheres nas eleições de 2018.

A defesa de Bivar disse que a ação foi montada de um dia para o outro e é um “absurdo completo”. Garante que não há indícios de fraude no processo eleitoral e vê a busca como uma inversão da lógica da investigação e com “muita estranheza”, devido ao atual momento de crise política no partido, em que Bolsonaro trava uma disputa com as lideranças do PSL, especialmente Bivar.

A crise no PSL se intensificou na semana passada, depois que Bolsonaro e parlamentares da legenda insatisfeitos com Bivar solicitaram, por meio de advogados, auditoria nas finanças partidárias. Deputados incomodados com a iniciativa do grupo bolsonarista classificam a disputa interna como uma briga por poder e afirmam que em nenhum outro partido seria permitido que os deputados agissem como os parlamentares do PSL estão fazendo.

Em meio à briga entre Jair Bolsonaro e a cúpula do PSL, sua saída do partido não está descartada. Ele e outros parlamentares buscam uma estratégia para conseguirem se desfiliar da sigla sem perder seus mandatos no Congresso e vêm na ação da PF uma oportunidade para manterem sua permanência na sigla. Entre eles, estão os que podem ser expulsos do partido, como Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS) e Alê Silva (MG).

Segundo a direção do PSL, “a (operação da) PF não muda nada. É um inquérito de dez meses, se fosse para mudar alguma coisa tinha de ser lá trás”. A cúpula vai se reunir com deputados que querem conversar sobre a situação do partido. “Tem uma grande maioria que quer que expulse, se vai chegar a essa conclusão e caminhar nessa direção não posso cravar ainda. Mas, se forem, não vão carregar o fundo eleitoral”, afirmou deputado Júnior Bozzella (PSL-SP).

 

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