O governo de Donald Trump não apoia a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conforme mostra carta do Secretário de Estado, Mike Pompeo, enviada à Organização. Nela apenas as candidaturas da Argentina e da Romênia são endossadas e a brasileira, feita em 2017, não é citada.

A OCDE é uma organização com 36 países-membros que, entre outras coisas, defende a cartilha neoliberal. Para integrá-la, o Brasil teria que abrir ainda mais sua economia, prejudicando os trabalhadores, e aceitar não ter mais tratamento especial na Organização Mundial do Comércio (OMC), o qual é dado àqueles países que são considerados em desenvolvimento. Não à toa, a candidatura brasileira foi formalizada já no governo golpista de Michel Temer e, depois, virou uma das principais bandeiras defendidas na política externa de Jair Bolsonaro.

O apoio à entrada do Brasil na OCDE foi a promessa que Trump fez a Bolsonaro quando ele o visitou nos Estados Unidos, em março. Em troca, Bolsonaro concordou em dar várias vantagens para os norte-americanos, como o acordo que previa acabar com a exigência de vistos para esses, bem como para japoneses, canadenses e australianos. Além disso, o presidente brasileiro também cedeu a utilização da Base de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos.

Os acordos econômicos não ficaram de fora, pois Bolsonaro, na ocasião, anunciou o estabelecimento de uma quota tarifária para permitir importação anual de até 750 mil toneladas de trigo norte-americano, altamente subsidiado. Com isso, o trigo brasileiro e o argentino, nosso maior exportador atualmente, seriam os maiores prejudicados.

No fim, nem os acordos feitos, nem o “I love you” dito por Bolsonaro a Trump durante um encontro dos dois nos corredores da Assembleia Geral da ONU foram suficientes para o norte-americano manter a promessa.

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