Com o descrédito na legenda gerado pela investigação sobre os casos de candidaturas laranja, em que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, é investigado, Bolsonaro planeja abandonar o partido para evitar que as irregularidades das candidaturas laranjas respinguem em sua imagem.

A ideia de Bolsonaro é sair e levar cerca de vinte parlamentares, sem perda de mandato. Outra questão importante na decisão de saída do partido é o fundo partidário, que, em tese, pertence ao partido. Com 56 parlamentares e três governadores, a estimativa é que o PSL possa receber algo próximo de um bilhão de reais em recursos públicos até 2022.

A troca de partido é vedada pela regra de fidelidade partidária, mas há exceções.  Para isso, Bolsonaro está costurando com o ex-ministro do TSE Ademar Gonzaga e sua advogada eleitoral, Karina Kufa, uma alternativa para que saiam do partido sem que sofram nenhuma punição. Bolsonaro e um grupo de deputados devem propor uma auditoria nas contas do PSL nos últimos cinco anos, para avaliar como foram utilizados os recursos públicos recebidos pelo partido, alegando a “falta de transparência com o uso da verba do partido” nos casos das candidaturas laranjas, e propondo a desfiliação da legenda por “justa causa”.

Outra exceção é a possibilidade de migração para um partido recém-criado, sem perderem o mandato, desde que a troca ocorra até trinta dias depois da criação e há também a possibilidade de mudança durante as chamadas “janelas partidárias”, período que ocorre seis meses antes da eleição, no caso, em abril de 2022, o que inviabilizaria a saída imediata dos parlamentares bolsonaristas do PSL. Em todos os casos, ainda que seja possível a desvinculação dos parlamentares, os recursos do fundo eleitoral e partidário e tempo de TV, pela legislação eleitoral, permanecem com o partido.

Em resposta à debandada de Bolsonaro e da ala bolsonarista do PSL, Luciano Bivar, presidente do partido, ameaça destituir o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, uma vez que é a liderança do partido que tem a prerrogativa de indicar seus representantes nas comissões.

A liderança do PSL na Câmara também assinou no dia 10 de outubro a retirada de cargos comissionados e o desligamento de participação em comissões especiais e a vice-liderança de oito parlamentares do partido.

Bivar marcou uma convenção nacional extraordinária do partido para o dia 18 de outubro, com o objetivo de discutir a possível saída de Jair Bolsonaro e parlamentares e reduzir a força de bolsonaristas na legenda.

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