A exposição Man Ray em Paris, montada no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade de São Paulo, é de graça e reúne 250 obras criadas por Man Ray, a maior parte composta por fotografias que estão espalhadas por quatro andares do prédio. O percurso não é rápido, e ler as descrições sobre o artista e suas obras torna-se importante para que se compreenda a importância e o significado do trabalho. Dado que a arte tem imensa importância na construção das formas e dos significados que dão sentido ao mundo, observar o que pode ser apontado como um dos últimos movimentos de vanguarda artística é essencial para compreender os tempos atuais tão influenciados pelas imagens.

O artista norte-americano radicado em Paris é uma das figuras fundamentais para a valorização da fotografia como obra de arte. Nascido em 1890, ele viveu o período das duas grandes guerras e fez do seu trabalho um movimento político de contestação ao lado de outros grandes nomes do período, como Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Salvador Dalí e André Breton. Os movimentos fundados por estes artistas foram o Dadaísmo, que tinha intenção de chocar e provocar a burguesia desconstruindo conceitos da arte tradicional, e o Surrealismo, que também era crítico dos valores burgueses e da chamada ditadura da razão.

Ray começou a carreira de fotógrafo como retratista. Rapidamente, ele se tornou famoso e passou a ser contratado para fotografar integrantes da alta sociedade. André Breton afirmou que Man Ray tinha “o olho de um grande caçador”. Numa época em que a fotografia era completamente diferente dos dias de hoje, o trabalho do artista americano se sobressaía. A partir dos retratos ele se tornou fotógrafo de moda e, com o domínio das técnicas da fotografia, passou a fazer criações totalmente inéditas e únicas.

Existem trabalhos que foram impressos uma única vez. O fotógrafo criou uma série de efeitos utilizando técnicas de revelação. O resultado desses trabalhos, hoje, é copiado pelos chamados “filtros” dos aplicativos de celular que utilizamos. Por falar em aplicativos de imagens, um dos mais conhecidos, o Instagram, é famoso pelo registro das chamadas “selfies”. A palavra inglesa se refere a uma forma de autorretrato, justamente, um dos trabalhos que o fotógrafo americano mais gostava de fazer, os “autorretratos irônicos”.

Nestes trabalhos ele contou com a parceria do grande amigo Marcel Duchamp. De acordo com as concepções de Man Ray, “o artista é um ser privilegiado capaz de livrar-se de todas as restrições sociais, cujo objetivo deveria ser alcançar a liberdade e o prazer”.

Além das fotografias, a exposição também reúne objetos e alguns filmes feitos pelo artista. A montagem fica no Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 28 de outubro. Pode ser interessante fazer o download do aplicativo Musea que permite visitar a exposição virtualmente e ainda contém os textos explicativos e um audioguia.

Serviço:
Man Ray em Paris
Centro Cultural Banco do Brasil  (Rua Álvares Penteado, 112, próximo ao metrô São Bento).
De quarta a segunda, das 9h às 21 horas, até 28 de outubro

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