Na quarta-feira, 18, Bolsonaro desistiu de tirar Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal. A saída de Valeixo, indicado por Moro para o cargo, era dada como certa após o presidente da República ter declarado, no mês passado, que poderia trocar a direção do órgão, demonstrando que é ele quem manda e não Sergio Moro.

Bolsonaro teria ficado irritado diante da recusa do diretor-geral Valeixo de indicar para a superintendência do Rio de Janeiro o delegado Alexandre Saraiva, atual chefe da unidade do Amazonas, no lugar do delegado Ricardo Saadi.

Saadi havia sido exonerado por Bolsonaro após um suposto direcionamento de investigação pela PF do Rio para atingir o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), aliado de Bolsonaro e também muito próximo do vereador Carlos Bolsonaro. A demissão foi vista uma manobra de Bolsonaro para proteger o filho e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), alvo de investigações por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Moro chegou a atribuir as polêmicas a uma ‘rede de intrigas’ que atuava para desgastar sua relação com Bolsonaro e tentar colocá-lo contra Saadi e a cúpula da PF. Esclareceu que o superintendente da PF não tem conhecimento de todos os inquéritos que tramitam em sua área de atuação e determinou que a PF apure a denúncia e um suposto direcionamento do inquérito de investigação ao deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), aliado de Bolsonaro, apontando possível confusão na inclusão do nome Hélio Negrão, apelido usado pelo deputado federal.

O gesto de Moro foi visto como importante para mudar o ambiente e impedir a demissão de Valeixo, o que é considerado vitória de Moro, que desde o início da crise se esforçou para mantê-lo. O combinado é que ninguém na PF comente mais sobre o assunto, para evitar novas rusgas entre Moro e Bolsonaro.

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