Países americanos querem ativar tratado contra a Venezuela
Em nova ofensiva para retirar Nicolás Maduro do governo, alguns países das Américas, como Brasil e Estados Unidos, votaram em 11 de setembro a favor da convocação de uma reunião para debater a ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar), contra os exercícios militares que a Venezuela fez na fronteira com a Colômbia.
O Tiar é um tratado assinado em 1947 e ele estabelece que, em caso de ataque ou ações consideradas belicosas contra um dos países signatários, os outros poderão tomar iniciativas para defendê-lo. Atualmente são dezenove membros, todos do continente americano, sendo que a Venezuela retirou-se do tratado há seis anos. Porém, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente no começo deste ano, decidiu, sem base legal, retornar o país ao Tiar.
Os votos da maioria simples dos membros foram suficientes para a convocação da reunião do Tiar, que deve ocorrer em 23 de setembro. Onze países votaram a favor, cinco se abstiveram e um não compareceu. Entre os cinco estava a Costa Rica, que sugeriu uma emenda cujo objetivo era retirar da mesa o uso de forças armadas como alternativa, mas ela não foi aprovada. Para decidir alguma medida contra a Venezuela, que poderá ser sanções, embargos e até mesmo intervenção militar, ela deverá ser aprovada por dois terços dos membros do tratado.
As movimentações do exército venezuelano na fronteira com a Colômbia ocorreram depois que esta participou ativamente de várias tentativas de depor Maduro e diplomar Guaidó como presidente. Uma delas foi o chamado “23F”, quando, por meio da Colômbia, os Estados Unidos tentaram forçar a entrada na Venezuela com “ajuda humanitária” em caminhões. Órgãos internacionais especializados neste tipo de ação, como a Cruz Vermelha, não a reconheceram, pois esse a ajuda deve ser feita de maneira imparcial, sem finalidades políticas, o que claramente não era o caso. Além de manifestações retóricas recentes contra o governo venezuelano, o governo colombiano também promoveu movimentações de tropas nas proximidades da fronteira.