O Secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, foi exonerado no dia 11 de setembro. A demissão se deu a pedido de Jair Bolsonaro, que mais uma vez intervém em assuntos da equipe econômica. A demissão do Secretário se deve a divulgação de um projeto de criação de imposto sobre movimentação financeira, espécie de nova CPMF, que contrariou o governo.

Para Bolsonaro, a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele e sem que o governo houvesse tomado uma decisão a este respeito. Bolsonaro havia divulgado em rede social ser contra uma nova CPMF e seus efeitos em uma possível reforma tributária. Esse imposto é considerado bastante impopular e poderia contribuir ainda mais com a desaprovação de seu governo, que cai dia a dia e se torna o governo o mais mal avaliado desde Collor.

Segundo o presidente em exercício, general Hamilton Mourão, a CPMF e reforma tributária ainda tem que ser discutidas na equipe econômica e mesmo que o governo decida implantar esse imposto, quem vai definir isso é o Congresso. Mourão também disse nunca ter conversado com Bolsonaro sobre Cintra, mas que pessoalmente o considera extremamente comprometido e competente, mas com ideias próprias que, muitas vezes, contrariavam orientações do governo.

Apesar da exoneração de Cintra, o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem Cintra era subordinado, não parece totalmente convencido de abandonar a ideia do novo imposto. Guedes sempre foi forte defensor da nova CPMF e desde o retorno do recesso estava articulando a favor da proposta. Não fica claro agora como o governo pretende atuar frente a uma reforma tributária, mas Guedes prossegue com estudos sobre as alíquotas do imposto.

O mercado financeiro se preocupa com mais uma intervenção direta de Bolsonaro em assuntos da equipe econômica e não gosta do seu envolvimento direto em assuntos ministeriais, podendo afetar as expectativas dos agentes de mercado. Quem assume a Secretaria da Receita Federal é o atual auditor fiscal Assis Ferraz Neto.

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