Países em desenvolvimento dependentes de commodities correm riscos face às mudanças climáticas e precisam reduzir sua forte dependência econômica de recursos naturais através de diversificação da economia e das exportações, sem no entanto ampliar as emissões de carbono (é
necessário, ao contrário, reduzi-las). É o que indica relatório recém-divulgado chamado Commodity Dependence, Climate Change and the Paris Agreement (Dependência de commodities, mudança climática e o acordo de Paris) da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).

O Brasil ganha destaque no relatório da UNCTAD em alguns momentos: em primeiro lugar, destaca-se que entre os “commodity-dependent developing country” (CDDC – países em desenvolvimento dependentes de commodities), o Brasil é responsável por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa: entre 1990 e 2014, os países desenvolvidos e em transição emitiram 44% dos gases de efeito estufa, os países emdesenvolvimento com economia diversificada emitiram 35% (sendo só aChina 16%) e os chamados CDDC emitem 21% (incluído neste grupo está o Brasil).

Outra menção ao Brasil é de que o desmatamento é historicamente uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa no país e que este havia caído no passado recente, deixando de ser importante fonte de contribuição ao aquecimento global. De fato, os dados do relatório mostram queda acentuada nos níveis de emissão de gases de efeito estufa no Brasil, em especial entre 2004 e 2006.

Quanto à estratégia de diversificação da estrutura produtiva, o relatório aponta que as mudanças climáticas no Brasil podem reduzir as áreas aptas para a produção de soja no país até 2030 em 15% a 28%, causando enorme impacto econômico para o qual o Brasil precisa se preparar. No entanto, há pouquíssimo tempo e nenhum sinal de que este assunto esteja na agenda governamental. Há de se imaginar também que com isso aumentará a pressão sobre as reservas e áreas preservadas (se
ainda existirem até lá).

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