Uma semana de derrotas para Boris Johnson
O Parlamento britânico retornou do recesso e para o início da atuação do conservador Boris Johnson como primeiro-ministro no dia 3 de setembro. Desde então, o debate foi conturbado e ele sofreu várias derrotas sobre a agenda do Brexit, que continua dividindo os partidos e a sociedade.
Johnson foi alçado ao cargo de primeiro-ministro após a renúncia de Theresa May, que estava governando desde 2016 em substituição a David Cameron que deixou o cargo devido ao voto favorável ao rompimento da Inglaterra com a União Europeia no plebiscito daquele ano. Tanto May quanto Johnson colocaram como objetivo principal de seus governos concluir o Brexit. Entretanto, May, que pertence a uma ala do Partido Conservador que defende uma saída mais suave da União Europeia tentou três vezes que o Parlamento britânico aprovasse um acordo negociado por ela com a Comissão Europeia e todas foram rejeitadas.
Já Johnson é da ala que defende uma saída dura, até mesmo sem nenhum acordo. Foi com essa plataforma que ele se tornou o líder dos conservadores e consequentemente o primeiro-ministro. Seu plano é que, ao chegar o dia 31 de outubro (prazo máximo para a saída), o Reino Unido se desligue completamente do bloco, provavelmente sem um acordo. Várias projeções apontam que uma saída assim, do dia para a noite, iria prejudicar muito a economia britânica.
Para tanto, Johnson tentou uma manobra, com o aval da rainha Elizabeth II, de fechar o Parlamento logo após seu retorno do recesso, do dia 10 de setembro a 14 de outubro. Com isso, os parlamentares teriam menos tempo para discutir e tentar barrar o Brexit sem o acordo.
Em resposta, o Parlamento fez várias manobras que derrotaram os planos de Johnson. A começar pela perda de maioria da coalizão governista quando o então parlamentar conservador, Phillip Lee, se filiou ao Liberal Democrata e assim, a coalizão governista perdeu a maioria parlamentar. Além disso, foram aprovadas duas leis, a primeira determinou que sem um acordo para o Brexit, o prazo para o desligamento deve ser adiado por mais três meses e a segunda barrou a realização de novas eleições em outubro que poderia ser uma possibilidade para Johnson e os conservadores obterem maioria parlamentar novamente. Para coroar, o irmão do primeiro-ministro, o ministro Jo Johnson, deixou o governo e o seu cargo parlamentar, também, por divergências sobre a condução do Brexit.