Fauda, que, em árabe, significa caos, foi escrita pelo ator e roteirista Lior Raz e pelo jornalista Avi Issacharoff, ambos israelenses. O próprio Lior é o ator principal da série, que recebeu o Emmy israelense em 2015.

A trama retrata uma patrulha da polícia secreta israelense e seus conflitos com palestinos em geral e com o Hamas, em particular. Esses agentes trabalham infiltrados e disfarçados de palestinos na Cisjordânia, território formalmente controlado pela Autoridade Palestina, sob liderança do Fatah.

A série procura mostrar a vida e os conflitos desses agentes israelenses e também de personagens palestinos na Cisjordânia.
Ao mesmo tempo em que procura mostrar certo heroísmo dos agentes israelenses, também mostra sua face monstruosa, com ações nada convencionais e métodos bastante repugnantes, como a tortura.

Por outro lado, traz agentes do Hamas também com face humana e relações familiares e sociais fortes e, por vezes, emocionantes. Há relatos de que membros do Hamas e mesmo Mahmoud Abbas, dirigente da Autoridade Palestina, gostaram da série.

A importância da produção está em buscar retratar um conflito que está presente no dia a dia de israelenses e palestinos. Desde a criação do Estado de Israel, pela ONU, em 1948, o conflito se mantém. Mas acirrou-se principalmente depois da guerra de 1967, a partir da qual Israel passou a controlar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, construindo colônias ilegais no território palestino e controlando a vida das pessoas que lá habitam.

A vida de qualquer palestino/a é afetada em algum momento pela presença ostensiva de Israel. Andar pela palestina, como palestino, é bastante difícil.

A série mostra também a permanente insegurança da população israelense, envolvida na guerra contínua e, assim, sempre aguardando um possível ataque ou ação por parte de grupos palestinos.

De Ramalah a Nahalin, periferia de Belém, o Google Maps calcula: 45 minutos. Mas em um táxi palestino a viagem demora cerca de duas horas, porque seu carro não pode trafegar nas rodovias exclusivas e controladas por Israel.

Cerca de um terço da população de Jerusalém é composta por palestinos que, no entanto, não têm status de cidadania. Além disso, boa parte da mão de obra em Jerusalém é de palestinos que moram em território palestino e passam, diariamente, por ações vexatórias no check-points, onde moças e rapazes do exército israelense, com idades entre 18 e 20 anos, portando armamento bastante vistoso, fazem as perguntas e decidem quem pode entrar no território controlado por Israel.

A ostensividade desses militares, das colônias ilegais que crescem a olhos vistos avançando sobre território palestino e dos enormes muros e cercas em torno das cidades palestinas parece dizer a cada um: você não é bem-vindo na sua própria terra.

Nas principais cidades palestinas, como Belém, Hebron e Ramalah, a cada passo surge a presença invasiva israelense, pela vista das colônias imponentes, pela constante e intensa presença militar e, principalmente, pelos altos muros que mostram os limites à população palestina. A resiliência palestina, expressa na palavra “sumud”, implica resistir, manter a dignidade, mesmo diante da forte tentativa de desumanização.

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