Com desaprovação recorde, governo enfrenta semana de protestos
As manifestações contra os cortes na área de educação levaram milhares de pessoas às ruas no último dia 13 de agosto. Os protestos foram organizados pelas entidades do movimento estudantil e tiveram a adesão de trabalhadores de diversos setores e das centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central de Trabalhadores do Brasil (CTB).
Além as críticas ao programa Future-se, que não só retira verbas como pretende privatizar parte dos cursos e serviços oferecidos pelas universidades públicas, os protestos também foram contra a reforma da Previdência e às políticas de privatização e desmonte do Estado brasileiro, implantadas pelo atual governo.
A presidenta do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) e deputada estadual Bebel (PT-SP), além de criticar as políticas públicas na área educacional, chamou a atenção para o momento em que estamos “enfrentando não simplesmente um governo que pensa diferente de nós, mas um governo que quer implantar uma ditadura”.
Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE) houve protestos em mais de duzentos municípios, o que levou cerca de um milhão de pessoas às ruas de todo o Brasil.
Em Brasília, o protesto dos estudantes se somou ao das indígenas, que reúne mulheres de 113 povos indígenas de todos os estados do Brasil e estão na capital desde o dia 9, em defesa da Amazônia e contra as políticas da demarcação de terras de Bolsonaro, que por diversas vezes afirmou que as reservadas indígenas não podem atrapalhar o desenvolvimento do Brasil. Na última segunda-feira (12), cerca de trezentas delas ocuparam um prédio da Fundação Nacional de Saúde Funasa (Funasa), por melhorias na saúde indígena.
Na mesma data chegaram a Brasília mais de cem mil mulheres do campo para a sexta edição da Marcha das Margaridas, que sai às ruas e terá diversas atividades ao longo do deste 14 de agosto. Agricultoras familiares, camponesas, sem-terra, acampadas, assentadas, assalariadas, trabalhadoras rurais, artesãs, extrativistas, quebradeiras de coco, seringueiras, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas, além das indígenas protestam contra o avanço do desmatamento, a indústria e liberação de agrotóxicos e a violência e o aumento do feminicídio. Também são pautas das lutas das “margaridas” as questões da previdência, da saúde, da educação, da terra, da água e da agroecologia, que põem em risco a integridade da vida das trabalhadoras.
A onda de protestos acontece em um momento em que a desaprovação do governo supera a aprovação. No último levantamento realizado pela XP Investimentos divulgado na sexta-feira (09), 38% avaliaram como ruim ou péssima a gestão de Bolsonaro, contra 33% que avaliam positivamente o governo e 27% como regular. A pesquisa foi realizada entre 5 e 7 de agosto.