A aldeia Yvytotõ, na Terra Indígena Waiãpi (AP), ainda permanece ocupada por cerca de quinze garimpeiros ilegais que a invadiram há aproximadamente uma semana, portando armas de grosso calibre. Os criminosos assassinaram o cacique da tribo, Emyra Waiãpi, em 22 de julho, a facadas e de forma “muito feia”, nas palavras dos membros da tribo.

Cerca de 1.300 Waiãpis vivem na Terra Indígena homônima, que se localiza no oeste do Amapá, em uma área remota rica em minérios como cobre, ferro e ouro. Eles vivem nestas terras desde o período pré-cabralino, e por duas vezes já foram praticamente dizimados: na primeira interação com os portugueses, por meio de veneno, e posteriormente nos anos 1970, ao contraírem sarampo de madeireiros e garimpeiros.

Apesar da Polícia Federal e do Ministério Público Federal terem aberto inquéritos para a investigação, nem a Funai ou as forças de segurança ainda se dirigiram diretamente para a aldeia a fim de retomá-la. A tribo Waiãpi está abrigada em outra aldeia, a Mariry, que fica a quarenta minutos de sua terra de origem.

Não coincidentemente, o presidente Jair Bolsonaro declarou no sábado, 27 de julho, que deseja que seu filho Eduardo, então indicado para a função de embaixador brasileiro nos Estados Unidos, avance na transferência de tecnologia e recursos dos Estados Unidos para mineração em territórios indígenas. Esta declaração faz tal indicação ganhar força no Senado, aonde a nomeação carece de aprovação, uma vez que muitos senadores, inclusive os antipáticos à nomeação do filho do presidente, são favoráveis a exploração de minérios em terras indígenas.

Como era de se esperar, não há qualquer declaração de solidariedade do atual ministro da Justiça, Sergio Moro, uma vez que a Funai é de responsabilidade de seu ministério. A prefeita da cidade de Pedra Branca do Amapari, próxima à tribo, havia declarado que o ministro lá iria, o que foi desmentido pelo Ministério.

Atitudes como estas só encorajam criminosos a praticarem atos desta gravidade contra a população indígena.

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