A eleição, na última semana, da ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, para a presidência da Comissão Europeia pode afetar o acordo Mercosul-União Europeia, em virtude da atual política ambiental do governo brasileiro. Entre as funções da Comissão que ela presidirá está a supervisão dos orçamentos da União Europeia, a articulação da política comercial e elaboração de respectivos projetos de lei.

Von der Leyen, que assume o cargo em novembro deste ano, apoia declaradamente a pauta ambiental, sendo reconhecida como umas das principais responsáveis pela mudança da postura alemã frente à desativação das usinas nucleares no país. Uma de suas promessas de campanha foi a forte redução na emissão de carbono pelo continente.

Em entrevista ao portal Sputinik News, o professor de relações internacionais, Leonardo Trevisan, afirmou que esta foi uma situação inesperada para o Mercosul, e que o bloco vai ter que negociar com uma equipe política com visões distintas daquelas com quem negociava até então.

No entanto, o acordo já enfrenta uma batalha com o setor agrícola europeu, que, mesmo que esteja mais preocupado com a concorrência comercial brasileira, argumenta que as exigências ambientais na Europa são muito mais rigorosas, o que é fato.

Aliando-se ao discurso de ambientalistas europeus, eles explicitam que a extração ilegal de madeira, e o comércio relacionado, o uso excessivo de agrotóxico, que barateia a produção, e o encorajamento governamental para que fazendeiros e especuladores de terra destruam a floresta, o que consequentemente lhes dá acesso a vastas áreas para exploração agropecuária a custos baixíssimos, resulta em uma concorrência desleal que lhes permitiria acionar eventuais cláusulas de violação ambiental contra o setor brasileiro. Recentemente o Parlamento da Irlanda e o Ministro da Agricultura italiano, Gian Marco Centinaio, já pediram para que o acordo seja bloqueado.

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