Após anos de declínio, volta a aumentar o número de pessoas famintas no mundo a partir de 2015, colocando em risco o compromisso assumido pela comunidade internacional de acabar com a fome até 2030. É o que discute relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Se em 2015 o percentual de pessoas famintas no mundo esteve em 11%, o número de pessoas famintas no mundo tem crescido, alcançando 820 milhões em 2018. Apesar de a África ser o continente com os maiores percentuais de população desnutrida, na América Latina e no Caribe a fome também tem crescido, em especial pelo seu aumento na Venezuela. Na América Latina e no Caribe como um todo, em 2018, 6,5% da população estava desnutrida (ou 42,5 milhões de pessoas) e na América do Sul especificamente 5,7% da população estava desnutrida (23,7 milhões de pessoas), segundo a publicação.

Em todos os continentes, a prevalência de insegurança alimentar é maior entre as mulheres.

Segundo a publicação, dos cerca de 820 milhões de subnutridos no mundo, 512 milhões se encontram na Ásia, 256 milhões na África, 42,5 milhões na América Latina e Caribe, 2,4 milhões na Oceania, América do Norte e Europa. Apesar de concentrar o maior contingente de desnutridos do mundo, a Ásia não é a região que tem maior prevalência (isto é, porcentagem de sua população) de desnutridos, sendo esta maior na África.

Créditos: Marcello Casal Jr./ABr (2010)

No Haiti, mulher prepara mistura de barro, água e manteiga para comer

 

O relatório chama a atenção ainda para outro problema: a obesidade e o sobrepeso. Segundo a organização internacional, o sobrepeso e a obesidade têm crescido em todas as regiões, em especial em crianças em idade escolar e adultos. Segundo dados da publicação, em todo o mundo 38,9% dos adultos (indivíduos acima de 18 anos de idade) estão acima do peso; 17,9% dos adolescentes, 20,6% das crianças de 5 a 9 anos e 5,9% das crianças de menos de 5 anos também se enquadram na categoria de acima do peso. No relatório, relaciona-se esse aumento ao crescimento do consumo de produtos ultraprocessados, ricos em açúcar e sal.

No Brasil, estudos têm apontado a presença de desnutrição e obesidade em jovens , por vezes simultaneamente: a “dupla carga de má nutrição”, quando a desnutrição e obesidade se apresentam simultaneamente, afeta parcela pequena dos estudantes brasileiros (menos de 1%) e nem sempre uma melhoria nas condições socioeconômicas de vida vem acompanhada de maior qualidade nutricional.

 

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