A corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu abrir investigação sobre a conversa entre o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e o procurador da República, Roberson Henrique Pozzobon, sobre como lucrar com as palestras contra corrupção, conforme revelações do The Intercept Brasil.

A decisão foi do corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel, atendendo a uma reclamação apresentada pelo PT, sob o argumento de “desvio de função de servidores da Procuradoria da República em Curitiba para a prática de atividades pessoais de palestrante”, com base nas reportagens da Folha de S.Paulo em parceria com o site The Intercept Brasil.

A reportagem apurou, por meio de mensagens de celular trocada pelos procuradores, que Dellagnol e Pozzobon pretendiam criar empresa de fachada para realizar palestras em nome das esposas de ambos para atuar em parceria com empresas privadas e obter lucro com a realização de palestras pagas por empresas e entidades interessadas. Importante observar que os integrantes do Ministério Público recebem os salários mais altos do funcionalismo público.

Segundo despacho do corregedor Orlando Rochadel, a denúncia indica eventual desvio de conduta de membros do Ministério Público Federal e demanda atuação da Corregedoria Nacional para esclarecer se os membros do MP se pautaram pela legalidade e imparcialidade, para que a imagem do órgão não seja prejudicada.

O corregedor deu prazo de dez dias para Dallagnol e Pozzobon se manifestarem sobre o caso. Após a manifestação dos procuradores, Rochadel irá analisar os elementos existentes e, se entender que há elementos suficientes, abrir um processo administrativo disciplinar contra os procuradores, o que, em geral, dura noventa dias. O resultado pode levar a punições como suspensão, censura, advertência ou mesmo aposentadoria compulsória.

O corregedor Orlando Rochadel já está apurando se o procurador da República Deltan Dellagnol e outros integrantes do MP que integram a força-tarefa cometeram falta funcional e desvio de conduta, devido à troca de mensagens com o ex-juiz Sérgio Moro, e a suspeita de que este havia orientado ações dos procuradores.

A investigação contra Dallagnol vem logo após o pedido de demissão do procurador José Alfredo de Paula Silva, que desde setembro de 2017 coordenava o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Procurado, o Ministério Público Federal em Curitiba disse que ainda não há uma manifestação de Dallagnol e Pozzobon sobre a decisão do corregedor.

Mais uma vez, os fatos pesam contra a credibilidade da Operação Lava Jato e demonstram o quanto a força tarefa agiu de forma ilegal, parcial, antiética e persecutória contra o ex-presidente Lula, com o objetivo de tirá-lo da disputa presidencial de 2018.

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