O conservador Kyriakos Mitsotakis venceu as eleições parlamentares na Grécia do último domingo, dia 7 de julho. Seu partido, o Nova Democracia, obteve 39,85% dos votos e a maioria absoluta no Parlamento – 158 cadeiras de 300 – graças ao bônus de cinquenta assentos adicionais que o partido mais votado tem direito. O partido do atual primeiro-ministro, Alexis Tsipras, o progressista Syriza, ficou em segundo lugar com 31,53% dos votos e 86 cadeiras. O Partido Comunista Grego (KKE) obteve 5,3% dos votos e quinze cadeiras, enquanto dois novos partidos, o “Solução Grega” (ECR) conquistou 3,7% dos votos (dez cadeiras) e a “Frente Europeia de Desobediência Realista” (Mera 25) liderado pelo ex-ministro das Finanças, Yannis Varoufakis, que rompeu com o Syriza quando este decidiu permanecer na zona do Euro e negociar com a Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) em 2015. A boa notícia é que a extrema direita representada pelo Partido Aurora Dourada não alcançou o mínimo de 3% para se fazer representar no Parlamento.

Com as derrotas sofridas nas eleições locais e no Parlamento Europeu, em maio, Tsipras decidiu dissolver o Parlamento e convocar novas eleições imediatamente, pois seu mandato somente terminaria em outubro. O resultado das urnas no domingo confirmaram a queda de popularidade do Syriza e o crescimento do Nova Democracia. Desde 2009 nenhum partido havia conquistado a maioria absoluta no Parlamento.

Tsipras liderava o governo desde 2015 quando se elegeu prometendo mudanças sociais profundas no país que desde o começo da década passava por uma grave crise econômica. Entretanto, o Syriza cedeu às pressões da Troika que impôs ajustes econômicos draconianos à Grécia em troca de ajuda financeira para renegociar a dívida. Ao longo destes quatro anos o Syriza implementou algumas medidas sociais modestas, mas manteve as políticas de austeridade negociadas e até aprofundou algumas.

Mitsotakis, filho do ex-primeiro ministro Konstantinos Mitsotakis, formado em universidades americanas como Harvard e Stanford e ligado ao setor empresarial e financeiro, foi eleito com uma agenda neoliberal. Ele foi o ministro da Reforma Administrativa no governo de Antonís Samarás (2012 e 2014) que demitiu quinze mil funcionários públicos. Além disso, Mitsotakis é frequentemente associado ao atual presidente francês Emmanuel Macron, que também se elegeu com uma aura reformista, mas hoje detém baixíssima popularidade.

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