O trator dos interesses patronais fez aprovar na madrugada desta sexta-feira, dia 5 de junho, o parecer do relator da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. De todos os destaques que pleiteavam alguma modificação, apenas dois foram considerados no texto final. Um que trata de oferecer algumas garantias a polícias estaduais e bombeiros, em seus respectivos sistemas de aposentadoria, e outro que reestabelece a isenção da contribuição previdenciária a produtores rurais que exportem ao menos parte de sua produção. O fim da isenção de 2,6% sobre a comercialização de produtos dos ruralistas que exportam custará aos cofres públicos cerca de 84 bilhões de reais em dez anos.

Para além de todas as outras injustiças que a reforma promoverá (estabelecimento de idade mínima, ampliação do tempo de contribuição para 20 anos, mudança no cálculo dos benefícios, entre outros) e que deverão aprofundar ainda mais a já ultrajante desigualdade social que caracteriza nosso país, o benefício concedido aos ruralistas é uma aberração sob qualquer ponto de vista que não seja o deles próprios.

Em um país que abriu mão do fortalecimento de seu mercado interno e da manutenção do que ainda resta de seu tecido industrial, seria mais do que justificável ampliar o quinhão de contribuição da privilegiada classe dos produtores rurais. Beneficiários de condições agrícolas extremamente favoráveis (clima, abundância de terras, subsídios financeiros, apoio técnico, etc) que lhes garantem vantagens competitivas inigualáveis e agora agraciados com a aprovação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, era de se esperar que esse segmento econômico contribuísse de forma mais efetiva com o financiamento do Estado nacional.

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