‘Os Caminhos do Senhor’ expõe conflitos da igreja protestante
O enredo de Os Caminhos do Senhor, série dramática da Netflix, de vinte capítulos, divididos em duas temporadas, se desenrola em torno da família de um pastor da Igreja Popular Dinamarquesa (Protestante Luterana) descendente de clérigos e de seu comportamento autoritário na relação com os dois filhos, no qual demonstra clara preferência por aquele que, como ele, aceitou seguir a carreira imposta pelo pai. O outro lado desta relação é como seus filhos, esposa e noras se submetem ou tentam se libertar de suas imposições e influência.
Trata-se de uma produção franco-dinamarquesa dirigida por Adam Price, autor e diretor de Borgen, outro seriado televisivo de muito sucesso que revelava os bastidores das articulações parlamentares na Dinamarca para compor e incidir sobre o governo e a primeira-ministra eleita. Como ele, a ampla maioria dos atores são dinamarqueses.
O seriado é interessante para entender o funcionamento de uma igreja protestante tradicional, bem como as diferentes visões internas quanto à sua gestão como um negócio, as disputas pela ascensão na carreira eclesiástica e as diferentes visões sobre o moralmente correto. O enredo tampouco evita discussões sobre temas atuais da sociedade, dinamarquesa e outras, como o moralismo conservador das seitas evangélicas, islamismo, ateísmo, alcoolismo e drogas, refugiados, moradores de rua, homossexualismo e eutanásia.