Proposta de pacto tenta dizimar crise entre os Três Poderes
Após as manifestações convocadas por apoiadores do governo Bolsonaro no último domingo, 26 de maio, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro na terça-feira. O objetivo do encontro foi estabelecer um entendimento e firmar um acordo para evitar que as crises política e econômica se aprofundem. Participaram também o ministro da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
O encontro foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro, como uma tentativa de reaproximação e de abertura de diálogo entre os Poderes, depois do acirramento dos ânimos e trocas de farpas nas últimas semanas, que culminou com a manifestação de 26 de maio. As manifestações foram tratadas como positivas pelo Planalto, mas também foram avaliadas como uma sinalização de que o governo precisa retomar o diálogo com o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal), principais alvos de manifestantes.
Os três poderes se reuniram para discutir um pacto proposto por Dias Toffoli há dois meses. Segundo Toffoli, é necessário estabelecer um consenso entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para atender as demandas da população, destravar o Brasil e retomar o crescimento. Os pontos prioritários desse pacto giram em torno das reformas da Previdência e tributária, um novo pacto fiscal e federativo e linhas de combate à criminalidade e corrupção.
Segundo Onyx, o documento foi praticamente validado por todos. “Nós construímos uma síntese conversando com o presidente do Senado, o presidente da Câmara e com o próprio presidente da República”. Na opinião dele, o diálogo entre os Poderes está cada vez mais fluído. “O Brasil precisa ter harmonia e entendimento entre todos os Poderes”, disse.
Para Paulo Guedes o encontro foi uma “excelente reunião de trabalho”, com excelente diálogo, e que não tem dúvidas de que a Reforma da Previdência será aprovada e afirmou que não há antagonismo com o Congresso.
Já Maia, que foi um dos principais alvos das manifestações e é também o mais importante articulador da Reforma da Previdência disse que levará o texto do pacto aos líderes da Câmara e só com o aval da maioria deles assinará o documento em nome da Casa.
O encontro mais parece uma maneira de Bolsonaro atenuar a relação difícil que o Planalto vive com o Congresso e que pode ter se intensificado a partir da manifestação de domingo. Embora não tenham sido grandes o suficiente para intimidar, o parlamento se irritou, sobretudo por suas pautas difusas com menções ao fechamento do Congresso e o fim do STF, insufladas por apoiadores de Bolsonaro.
A data proposta para que esse documento seja assinado é na semana de 10 de junho.