Quando da tramitação da reforma trabalhista, o governo afirmou com todas as letras que, se aprovada fosse, geraria seis milhões de empregos.  A realidade é que, um ano e meio depois, o país está precarizando cada vez mais seu mercado de trabalho, pois a reforma não foi capaz de fazer o país retomar o crescimento econômico. E, com um mercado de trabalho cada vez mais precarizado, não há quem consuma.

Um dado interessante sobre a precarização no mercado de trabalho apareceu em análise do boletim “Emprego em pauta” do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que aponta que entre o terceiro e o quarto trimestres de 2018 quase cinco milhões de trabalhadores tiveram as jornadas de trabalho reduzidas para menos de trinta horas semanais, sendo que 1,3 milhão declararam estar insatisfeitos com essa mudança e que gostariam de trabalhar
mais horas. Estes cinco milhões de trabalhadores passaram a engrossar as fileiras dos subocupados por insuficiência de horas, sendo 27% do total dos que se tornaram subocupados, como mostra o gráfico.

O boletim também aponta que está crescendo a polarização em termos de duração de jornada no mercado de trabalho: entre o quarto trimestre de 2017 e o quarto trimestre de 2018, apesar de o número de ocupados ter aumentado, houve redução de quase meio milhão no número de ocupados com jornadas entre quarenta e 44 horas semanais. Aponta o boletim que o crescimento da ocupação tem sido acompanhado de jornadas extremas de trabalho: ou acima de 44 horas ou inferior a quarenta horas.

A reforma trabalhista não ia gerar seis milhões de empregos?