Balbúrdia no governo paralisa a educação
A Câmara dos Deputados convocou o ministro Abraham Weintraub, para explicar os cortes orçamentários na área da Educação, principalmente nas universidades federais. Deputados do Centrão se uniram à oposição e impuseram mais essa derrota ao governo, com 87 votos contra e 307 a favor da convocação do ministro da Educação para prestar esclarecimentos contra o contingenciamento dos recursos, na ordem de R$ 7 bilhões A audiência será no plenário da Câmara nesta quarta-feira, dia em que ocorrem manifestações em todo o país, contra os cortes na educação.
Na noite de terça (14-05) lideranças partidárias se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro para que ele revisasse o corte de 30% no orçamento das universidades e institutos federais. Durante a reunião Bolsonaro chegou a ligar para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e disse que “não haveria contingenciamento na pasta até o final deste ano”. Estavam presentes na reunião os líderes do Podemos, José Nelto (GO), do Cidadania, Daniel Coelho (PE), do Partido Novo, Marcel Van Hattem (RS), do PROS, Toninho Wandscheer (PR), do Patriota, Fred Costa (MG), do PV, Leandre (PR) e do PSL, Delegado Waldir (GO), entre outros deputados da base do governo.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, demonstrou resistência à decisão de Bolsonaro de ceder às pressões dos parlamentares e reverter o corte e a assessoria de imprensa da Casa Civil, informou que “não procede a informação de que vai haver o cancelamento no contingenciamento no Ministério da Educação”. O Ministério da Economia também negou o pedido do presidente para revisão do contingenciamento da área da educação.
Aliados do governo disseram que Jair Bolsonaro iria rever o corte de 30% do orçamento da pasta e o líder do PSL na Câmara, deputado federal Delegado Waldir (GO), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro determinou que não haja mais corte na educação “O presidente ligou para o ministro na nossa frente e pediu para rever. O ministro tentou contra argumentar, mas não tem conversa”, disse o Delegado Waldir.
O deputado Capitão Wagner (PROS-CE) também presente à reunião, disse que “Não vou admitir, sendo aliado do governo, ser chamado lá no Palácio do Planalto, para tratar de uma questão séria como essa, presenciar o presidente da República pegar um celular, ligar para o ministro na presença de vários líderes de partidários (…), e com todas as letras o presidente disse que agora o corte está suspenso”
Segundo o líder do PSL na Câmara, deputado federal Delegado Waldir (GO), as lideranças dos partidos não estão mentindo sobre o recuo do presidente nos cortes da Educação e que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), teria se “equivocado” ao desmentir os parlamentares. Waldir ressaltou que Lorenzoni não estava na reunião dos líderes quando Bolsonaro ordenou ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, suspender os cortes de verbas na área.
Já o deputado José Nelto (GO), líder do Podemos, foi mais enfático e afirmou que “Nós não somos mentirosos (…) O governo vai pagar um custo muito alto por isso”. Disse estar “indignado” e afirmou que o governo está criando “inimigos dentro dos possíveis aliados”.
A maioria das universidades e institutos federais pararam nesta quarta-feira (15-05), além das entidades estudantis de todo o país, União Nacional dos Estudantes (UNE), APEOESP (sindicato dos professores da rede pública de São Paulo) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Professores, estudantes e funcionários de diversas escolas públicas e privadas também aderiram à paralisação e foram para as ruas manifestar sua indignação e exigir que o governo recue.
Além dos cortes na educação, os manifestantes criticaram também a reforma da Previdência. “A juventude está na rua mandando um recado ao governo. Ontem, ele (o governo) recuou e voltou atrás. Está claro que a balbúrdia está no Planalto e não aqui”, disse o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ).