O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a quebra de sigilos bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e de seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Fabrício Queiroz. Os sigilos da esposa de Flávio Bolsonaro, Fernanda Bolsonaro, assim como os dados da empresa Bolsotini Chocolates e Café Ltda., pertencente ao senador e sua mulher, também tiveram os sigilos quebrados. A quebra dos sigilos vale para o período entre 2008 e 2017.

Queiroz, que foi assessor parlamentar do Flávio Bolsonaro na época em que o atual senador era deputado estadual, é investigado devido a movimentações de mais de um milhão de reais em sua conta bancária, identificadas pelo Conselho de Controle da Atividade Financeira (Coaf). Segundo Queiroz, em entrevista, a movimentação devia-se a “rolos” na compra e venda de carros, mas o Ministério Público do Rio de Janeiro alega que não há documentos que comprovem operações de compra e venda de automóveis.

O Ministério Público investiga depósitos de outros servidores do gabinete na conta de Queiroz em datas próximas a pagamentos de salário, como repasse de parte ou todo o salário para o parlamentar, prática conhecida como “rachadinha”.

O sigilo bancário a esposa de Queiroz, Márcia, e das filhas, Nathalia e Evelyn, também foram quebrados, assim como o de dezenas de ex-funcionários do gabinete de Flávio, quando trabalharam com o então deputado estadual. Entre elas, o de Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, irmã e mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, um dos chefes do Escritório do Crime, uma das principais organizações milicianas do Rio de Janeiro, suspeita de envolvimento no assassinato de Marielle Franco.

Flávio Bolsonaro tenta dificultar as investigações sobre as movimentações financeiras detectadas pelo Coaf e se recusou a prestar esclarecimentos aos promotores, alegando foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal. Ele dificulta as investigações do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro ao não comparecer para esclarecimentos. O senador defende que a investigação seja anulada. Segundo ele, o MP quer dar um “verniz de legalidade” à investigação, conseguindo na Justiça a quebra do seu sigilo bancário.

Atacou o Ministério Público em defesa do ex-assessor e acusa o MP de vazar informações sigilosas a seu respeito. Diz que o sigilo bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MP do Rio de Janeiro sem autorização judicial, quando informações detalhadas e sigilosas de sua conta bancária foram a público com detalhes de pagamentos, valores, horas e minutos de depósitos. Segundo Flávio, o objetivo das investigações é atingir o governo de Jair Bolsonaro e parte de “alguns pouquíssimos integrantes” do Ministério Público.

O MP-RJ reagiu em nota, acusando Bolsonaro de ‘direcionar esforços’ para interromper as investigações. “O Ministério Público do Rio de Janeiro repudia com veemência as declarações de Flávio Bolsonaro” e reafirma que “ sua atuação é isenta e apartidária. ”

`