A Greve Nacional da Educação extravasou as universidades públicas federais e estaduais, cujos estudantes e professores foram os primeiros a convocar a paralisação que acontece amanhã, dia 15, e recebeu a adesão das escolas de ensino fundamental e médio, inclusive da rede privada de ensino.

Em São Paulo, por exemplo, o Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo), que representa os trabalhadores da rede privada, confirmou a participação no movimento, inclusive por meio de nota oficial com duras críticas ao governo Bolsonaro e sua política de desmanche do ensino.

A adesão vai além e ganhou os pais de alunos dessa mesma rede, também manifestada em nota: “Indignados com as recentes medidas do atual governo federal e os ataques constantes que a educação nacional vem sofrendo nos últimos anos, consideramos crucial que as múltiplas camadas da sociedade se posicionem em defesa da educação em todos os seus níveis”, escreveram pais que têm filhos matriculados no Colégio Vera Cruz, informa a Agência Estado.

“Está chegando a hora: na próxima quarta-feira, dia 15, às 14h, professoras e professores das redes pública e privada, de todos os níveis de ensino, devem se encontrar no vão livre do Masp para protestar contra a reforma da Previdência, os cortes na Educação e as perseguições contra os professores. O movimento está sendo organizado nacionalmente, com atos e manifestações em todos os estados do país”, conclama nota do Sinpro.

Em menos de quinze dias, desde que a primeira convocatória para a greve de amanhã veio a público, as adesões só aumentaram. No último dia 9, assembleias por todo o Brasil, em campi de universidades federais e estaduais, confirmaram a participação na greve. Essas assembleias reuniram estudantes, alunos e trabalhadores dos diferentes setores das universidades – administração, laboratórios, manutenção, terceirizados.

A paralisação vai acontecer como protesto contra ataques do governo federal sobre o ensino, a exemplo do corte de repasse de 30% das verbas para as federais, a suspensão das bolsas concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), promessas de cancelamento de cursos e ameaças de perseguição a professores e alunos, no escopo do Escola Sem Partido. A proposta de mudanças na Previdência Social é outra razão da greve.

Segundo Beatrice Weber, integrante do DCE Livre da USP, uma das causas da adesão ampla, incluindo os professores “mais conservadores”, é justamente a perseguição ideológica, na qual a estudante enxerga um ataque a algo muito caro aos docentes: a autonomia.

O amplo arco de adesões à greve produz também a integração de correntes políticas e sindicais tradicionalmente em disputa, especialmente no ambiente universitário. CUT, Conlutas e Intersindical e seus sindicatos filiados participarão em peso, assim como a UNE.

“Bolsonaro unificou todo mundo”, explica Marcos Otávio de Oliveira Santos, dirigente da Fasubra, federação que reúne sindicatos de trabalhadores em educação superior pública de todo o país. Ele explica que a mobilização nas universidades se intensificou desde a aprovação da PEC 55, no final de 2016, conhecida como PEC da Morte, que congela os investimentos públicos em setores essenciais, como a educação, por vinte anos.

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