O governo tem tentado apresentar os cortes na política social como algo “técnico”, “necessário”, sem maiores impactos para o país. Nada
poderia ser mais falso, porém ainda parece ser preciso convencer alguns de que os cortes têm graves impactos sociais.

Aqui uso a palavra cortes e não o “correto” contingenciamentos, pois em teoria o contingenciamento pode ser revisto, enquanto corte é algo mais permanente. No entanto, contingenciamentos na área social, mesmo que revertidos após um tempo, têm efeitos profundos na política
social: deixar uma política social dois meses sem recursos não é o mesmo que retomar a obra de uma ponte dois meses depois.

Os impactos dos cortes têm sido diversos desde 2015, como mostra o livro “Economia para poucos”. Mais recentemente, outros especialistas
têm mostrado que os impactos dos cortes na política de habitação tem levado os brasileiros a ter que escolher entre pagar aluguel ou comer ou que os cortes na política social têm levado as mulheres de volta a situações de violência doméstica e de dependência econômica de seus parceiros. É fácil também perceber os efeitos dos cortes na educação e os impactos trazidos por eles no curto, médio e longo prazo.

E, como não podia deixar de ser, enquanto corta nos programas sociais – e na carne dos pobres -, enche de dinheiro os congressistas, na esperança de passar a reforma previdenciária que por sua vez também vai afastar os pobres ainda mais da seguridade social. As escolhas na política fiscal do governo Bolsonaro mostram bem de que lado ele está.

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