Em meio ao cenário sem precedentes de perda da biodiversidade, o governo Bolsonaro corta recursos da política de mudanças climáticas e mostra-se inimigo do meio ambiente. Em suas declarações, membros do primeiro escalão do governo consideram o aquecimento global uma teoria alarmante e apocalíptica.

Dos 11,8 milhões de reais que seriam usados neste ano na Política Nacional sobre Mudança do Clima, para atender a compromissos assumidos pelo Ministério do Meio Ambiente, 11,3 milhões de reais foram contingenciados, o correspondente a 96% dos recursos. O Ibama sofreu um corte de 24% de seu orçamento, comprometendo a fiscalização de crimes ambientais, como por exemplo o desmatamento ilegal.

Frente ao silêncio do governo Bolsonaro, mais de seiscentos cientistas publicaram carta aberta na revista Science (vol. 364 de 26 de abril 2019) pedindo para a União Europeia o condicionamento do comércio com o Brasil à gestão adequada do meio ambiente. Em 26 de abril, governadores de onze estados brasileiros firmaram compromisso em perseguir as metas do Acordo de Paris para redução do aquecimento global em evento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjam). Por fim, em 08 de maio, ex-ministros do meio ambiente “de Collor à Temer” se reuniram no Instituto de Estudos Avançados da USP, em São Paulo/SP, para avaliar a atual política ambiental brasileira e estabelecer um posicionamento crítico ao novo governo.

Uma pesquisa publicada pela Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) chegou à conclusão que a natureza está sendo devastada a taxas sem precedentes na história humana. Segundo o relatório, mais de um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção (aproximadamente 11% do total), bem como está se esgotamento a infraestrutura natural que atualmente utilizamos para viver.

O resultado do relatório da IPBES também apontou para uma elevada associação entre a redução da biodiversidade e as mudanças climáticas, a última causada pelo impacto da ação humana, tais como o desmatamento e a criação de gado, que ampliam a emissão de gases de efeito estufa. Nesse sentido os governos, empresas e grandes agricultores não cumprem seu papel no desenvolvimento sustentável e estão longe das metas do Acordo de Paris ou dos parâmetros estabelecidos pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

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