Em meio à crise que vem se arrastando há mais de um mês entre o núcleo dos militares e o “guru” do governo Olavo de Carvalho, Bolsonaro anunciou, na tarde de terça-feira (07), um corte de 44% nos recursos destinados ao Ministério da Defesa, que perde5,8 bilhões de reais, de um orçamento de 13 bilhões de reais. Com isso, será o segundo ministério que mais sofrerá cortes, atrás apenas do Ministério da Educação, que perderá 7,3 bilhões de reais.

Segundo o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, o corte é decorrente da necessidade de contingenciamento do governo para adequação do orçamento à lei do teto de gastos, mas garante que, com a aprovação da reforma da Previdência e outras ações que estimulem a recuperação da economia, o orçamento poderá ser desbloqueado.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que o bloqueio não afetará operações da pasta “no momento”, mas o corte deve começar a ser repassado para as atividades, entre elas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, e que terá de buscar uma saída para não afetar os projetos em andamento considerados prioritários.

Os generais presentes afirmaram que não sabem como colocar em prática um corte dessa magnitude e afirmam que caso os recursos não sejam liberados até setembro a situação nos quartéis ficará “crítica”. Segundo um dos generais ouvidos “Nem no governo do PT aconteceu um corte desse tamanho”.

Apesar do corte, os 12,5 milhões de reais reservados para o ensino nas escolas militares, cujo orçamento é vinculado ao Ministério da Defesa, foram poupados. O modelo de ensino dessas escolas é frequentemente elogiado por Jair Bolsonaro, e a construção de escolas militares deve ser ampliada, chegando a uma em cada capital brasileira. As escolas ligadas ao Exército reservam vagas para familiares de militares, e a seleção de alunos para ingresso garante estudantes de nível socioeconômico alto, o que explica parte do bom resultado alcançado por essas instituições.

Ao que parece, as intenções do governo ao reduzir verbas de políticas universais de educação, ampliando as escolas militares, redireciona o foco da educação, até então voltada para ensino público e gratuito que aposta na redução das desigualdades e em um projeto de emancipação social e política, para um modelo pautado pela disciplina e pelo moralismo, subordinado aos militares.

Os recursos destinados para a prestação de ensino e pós-graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de 3,2 milhões de reais, também foram poupados. Já o orçamento do Instituto Militar de Engenharia, dos 10,1 milhões de reais autorizados, terá um milhão de reais bloqueado, o que corresponde a 10%.

 

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